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Kafka diria, medo de barata é caso de “catsaridafobia”, mas não o da mulher em ônibus

Kafka diria, medo de barata é caso de “catsaridafobia”, mas não o da mulher em ônibus

Quem já leu “Metamorfose”, de Franz Kafka, logo se recorda do livro ao ler a história da mulher que foi indenizada em R$ 2 mil porque tinha barata na poltrona da filha.

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29-04-2023 – 12h:04

Direto da Redação

Quem tem medo exagerado de baratas pode estar a sofrer de “catsaridafobia”, nome esquisito tanto quanto o que aconteceu com uma passageira de ônibus quando em viagem do Distrito Federal, Brasília, para Belo Horizonte.

Ela comprou passagem também para a filha de 7 anos e depois de embarcar encontrou um ninho de baratas na poltrona da menina. Claro, ela pediu ao motorista para mudar de poltrona e ele se negou a deixar.

Ela, então, desembarcou com a filha, mas antes sacou fatos e fez vídeos com baratas se movimentando dentro do ônibus

A mulher fez o que qualquer uma pessoa consciente de seus direitos faria, entrou na Justiça e acabou por ser indenizada em R$ 2 mil. Ela alegou que a empresa não assegurou a higiene e conforto dos usuários e nem se ligou para as normas do Código de Defesa do Consumidor (CDC), além do que expôs em risco a saúde da filha.

Evidentemente, essa ocorrência poderia passar despercebida, não fosse o inusitado dela, quer dizer, um ninho de baratas encontrado debaixo de uma poltrona durante uma viagem que seria longa. O fato de serem baratas, remete logo quem gosta de literatura e já leu o livro “Metamorfose”, escrito pelo austro-húngaro Franz Kafka.

O livro é pequeno e bom de ler, porque marcante. Foi escrito em 20 dias, no ano de 1912, mas só veio a ser publicado em 1915. Conta a história de um caixeiro-viajante chamado Gregor que acordou um dia metamorfoseado em um grande inseto, que o leitor deduz ser uma barata. A leitura é boa porque além do mais ela contém reflexões filosóficas e sociais profundas.

Mas, voltando ao caso da mulher, a história é outra porque extrapola a literatura do genial Kafka para entrar na falta de higiene e nos constrangimentos a que ela sentiu e a filha, criança.

A empresa alegou que o veículo era novo e tinha feito a limpeza e apresentou até um laudo que diz ser o surgimento de baratas inevitável, “independe de limpeza no ambiente”.

Diante de uma justificativa dessa, de fazer boi dormir, se o escritor de “Metamarfose” ouvisse essa narrativa, o mínimo que ele poderia dizer, ironicamente, era que essa história “é o maior barato”.

Imagem da Galeria O escritor Franz Kafka lançou mundialmente a barata em seu livro famoso "Metamorfose"
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