
Crise de Brasil e EUA tende a se escalar ainda mais - créditos: divulgação
19-07-2025 às 10h10
Direto da Redação
Enquanto países ao redor do mundo — incluindo adversários declarados dos Estados Unidos — avançam em negociações comerciais, o Brasil permanece estagnado. A falta de progresso nas tratativas entre Brasília e Washington contrasta de forma gritante com os acordos conquistados recentemente por outras nações, inclusive membros do Brics.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou, em entrevista à CNN Internacional, que houve mais de dez encontros entre o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e representantes do governo norte-americano. Segundo Lula, uma proposta formal foi enviada em 16 de maio, sem que os EUA tenham dado qualquer resposta até agora.
O cenário brasileiro destoa do que se observa em outras partes do mundo. A Indonésia, por exemplo, firmou um acordo que reduziu tarifas americanas de 32% para 19% em seus produtos. Em troca, comprometeu-se a importar bilhões em energia, produtos agrícolas e aviões norte-americanos. Mesmo países como Vietnã, Malásia e Filipinas conseguiram condições melhores do que as atuais brasileiras.
A Índia, também membro do Brics, negocia diretamente com os EUA um acordo provisório de redução de tarifas. A China, maior rival estratégico dos EUA, obteve concessões após uma escalada de sanções, mostrando que até a tensão geopolítica pode ser superada quando há pragmatismo e poder de barganha.
Enquanto isso, o Brasil parece assistir de fora. Falta estratégia, iniciativa e — sobretudo — peso nas negociações. A postura passiva do governo brasileiro, apesar das inúmeras reuniões e promessas, contrasta com a movimentação ativa de países que enfrentam contextos políticos internos desafiadores, como a Coreia do Sul em meio a um processo de impeachment, ou o Japão em plena campanha eleitoral.
A Argentina, que também sofreu tarifas impostas por Trump, já está em estágio avançado de negociação para eliminar até 80% dessas barreiras. Já o Brasil, mesmo com superávit comercial e histórico de parceria com os EUA, permanece sem avanços concretos.
A questão não é apenas econômica, mas também diplomática. Falta protagonismo. E enquanto outros países assumem posições firmes — inclusive usando pressões estratégicas — o Brasil parece ainda preso a uma diplomacia hesitante e pouco eficaz.