
CRÉDITOS: Rafael Assis/ Fhemig
07-07-2025 às 09h26
Direto da Redação*
O Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), é o único de Minas Gerais e um dos primeiros do Brasil a participar do estudo nacional TBPed, voltado à ampliação do diagnóstico e tratamento da tuberculose em crianças de até 15 anos. A unidade mineira contribuiu com 150 amostras, o que representa 11,6% do total de 1.288 crianças hospitalizadas incluídas na pesquisa.
A iniciativa visa reduzir a subnotificação da doença, que segue como a infecção que mais mata no mundo. Segundo a pneumologista Chalene Mezêncio, coordenadora do Serviço de Alergia e Pneumologia Pediátrica do hospital, a maioria dos pacientes incluídos no estudo estava internada com infecções respiratórias, sem suspeita prévia de tuberculose. “Coletamos amostras para exames mais específicos, ainda não utilizados na rotina clínica, com o consentimento dos responsáveis”, explica.
A dificuldade de diagnóstico em crianças se dá porque os sintomas da tuberculose se confundem com outras infecções respiratórias recorrentes. Por isso, a médica destaca a importância da suspeita clínica diante de quadros frequentes de adoecimento.
O estudo, iniciado em 2021 e com previsão de resultados para 2026, reúne 22 centros de saúde em nove estados, entre eles Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Coordenado pelo Hospital Moinhos de Vento (RS), o projeto é financiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). O HIJPII foi incluído em fevereiro de 2022 e concluiu o recrutamento em março deste ano.
Como parte da pesquisa, o hospital recebeu o sistema GeneXpert, tecnologia de ponta que realiza teste molecular rápido para detectar o bacilo da tuberculose em até duas horas, além de identificar resistência a antibióticos. O exame foi incorporado à rotina assistencial da unidade, com capacitação da equipe para a coleta do escarro induzido em crianças.
A adoção do teste no HIJPII representa um avanço para a saúde pública infantil em Minas Gerais, especialmente por permitir diagnósticos mais precoces e precisos. Crianças têm maior risco de desenvolver formas graves da doença e podem se tornar reservatórios da infecção a longo prazo.
A tuberculose é transmitida pelo ar e, sem tratamento, uma pessoa infectada pode contaminar até outras dez. Em 2022, o Brasil registrou 81 mil novos casos, enquanto no mundo esse número superou os 10 milhões. Estimativas da OMS indicam que cerca de 25% da população global pode estar infectada.
O tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS e tem duração de seis meses. A interrupção do uso dos medicamentos pode levar ao desenvolvimento da forma resistente da doença, que exige tratamentos mais longos, de até dois anos. Daí a importância da detecção precoce e da adesão completa à terapia.