
Moradores de diversos bairros de Governador Valadares passam a noite para marcar consultas em postos de saúde - créditos: divulgação
23-09-2025 às 14h40
Direto da Redação
A cidade de Governador Valadares, no Leste de Minas Gerais, enfrenta um impasse na área da saúde pública. Apesar de ter recebido mais de R$ 20 milhões em repasses do Governo de Minas, em 2023, para a construção de dez novos centros de saúde, os avanços concretos das obras ainda não foram percebidos pela população. A verba, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, visava ampliar em cerca de 25% o número de unidades básicas no município.
Com uma população estimada em 257 mil habitantes, de acordo com o último censo do IBGE, Valadares conta hoje com 41 postos de saúde, além dos atendimentos prestados pelo Hospital Municipal e pelo Hospital São Lucas. Juntas, essas instituições oferecem suporte de urgência e emergência não apenas aos moradores locais, mas também a cidadãos de municípios vizinhos.
Embora os serviços de média e alta complexidade ainda sejam escassos na região, a atenção básica tem desempenhado papel fundamental. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que cerca de 80% das necessidades em saúde de uma população podem ser atendidas por esse nível de cuidado. No Brasil, a Estratégia de Saúde da Família (ESF), ligada ao SUS, é a principal responsável por essa cobertura.
A ampliação da rede de atenção primária em Valadares significaria acesso facilitado a serviços essenciais, como acompanhamento de doenças crônicas, pré-natal, vacinação e atendimento odontológico — um alívio principalmente para os moradores de regiões mais periféricas.
No entanto, passados nove meses desde o início da gestão do atual prefeito, Coronel Sandro (PL), pouco se viu em termos de continuidade dos projetos herdados. Em diversos momentos, o prefeito manifestou publicamente sua discordância com medidas da administração anterior, o que levanta questionamentos sobre o andamento das obras financiadas com recursos já garantidos.
Desde o desastre ambiental de 2019, que afetou diretamente o Rio Doce e comprometeu a qualidade de vida de milhares de moradores da cidade, a demanda por serviços públicos de saúde cresceu substancialmente. A recente epidemia de dengue, que registrou cerca de 4.500 casos em Valadares apenas no ano passado, reforça ainda mais a urgência por unidades bem equipadas e acessíveis.
Diante desse cenário, fica o questionamento: dois anos após o anúncio dos investimentos, não teria sido tempo suficiente para apresentar resultados concretos? E mais: será que a atual gestão está disposta a deixar de lado divergências políticas em nome do bem público?
A população valadarense, especialmente as camadas mais vulneráveis, aguarda com expectativa — e certa frustração — a entrega dos novos postos de saúde. Em tempos de crise sanitária recorrente, saúde pública não pode esperar.