Governador levanta a bandeira do lítio do Vale do Jequitinhonha na Nasdaq, em Nova Iorque
Esta é uma boa oportunidade de ele cumprir com o prometido levando empresas que precisam empregar gente para funcionarem e disposta a deixar muito mais do que levam da região.
08-05-2023 - 11h: 03
Alberto Sena*
Essa iniciativa do governador de Minas, Romeu Zema, de lançar o Vale do Lítio na Nasdaq, a maior Bolsa de Valores do Mundo, em Nova Iorque, foi providencial. Palmas para o governador. Antes que alguém mais esperto do que os outros viesse a apossar da região nessa desenfreada corrida à procura do mineral lítio, fundamental para as baterias dos carros elétricos fabricados por principalmente o ex-homem mais rico do mundo, Elon Musk.
Foi justamente ele quem derrubou da presidência da República da Bolívia, o índio Evo Morales, porque deteve os intentos dele, no afã de quê? Do lítio que a Bolívia detém reserva de 21 milhões de toneladas do mais rico mineral do mundo. Elon Musk, mesmo confessou isso, querendo dizer que pode fazer o que quiser para alcançar os seus objetivos.
O lançamento do Vale do Lítio acontece em boa hora, mas convinha ao governador lembrar sempre do Jequitinhonha, porque o lítio não é de um vale qualquer, mas do Jequitinhonha, lugar que ajudou a elegê-lo duas vezes e ele próprio prometeu redimir.
Chega de usar o Jequitinhonha. Não se vai permitir que o Vale seja sugado como se chupa uma laranja, para deixar só o bagaço. O Jequitinhonha – e não só, porque o lítio é encontrado em outras plagas do território mineiro – é rico de gente e de minerais.
Este é o momento do resgate da região e o governador Romeu Zema tem por obrigação cumprir com o prometido trazendo não só empresas que possam precisar empregar essa gente, mas deixar muito mais porque todas retiram daquele torrão as riquezas e deixam o mínimo.
O povo do Vale do Jequitinhonha não quer mais o mínimo. Quer aquilo que lhe é devido e algo mais. Quer educação pública de qualidade. Quer a promoção da saúde e reivindica a construção de um Hospital de Combate ao Câncer de Capelinha e Região.
Muito bom é o governador Romeu Zema cuidar do lítio, mas concomitantemente, faça algo para tonar realidade o sonho do povo da região que sofre as mazelas do câncer e outras doenças.
Aliás, carece de um estudo científico o porquê do alto índice de câncer no Vale do Jequitinhonha. Há denúncias de que aquela população está sendo vítima de envenenamento por agrotóxicos despejados nos maciços de eucalipto. É necessário, governador, apurar isso porque corre à boca pequena. As chuvas carreiam o veneno tanto para os rios como para os lençóis freáticos.
A impressão é a de que as pessoas de modo quase geral têm medo, medo de morrerem envenenadas. Um estudo científico poderia dirimir as dúvidas e a causa de doenças podem ser encontradas.
Seria o caso, governador, de mandar examinar a qualidade da água do Jequitinhonha, porque o mal que grassa na região pode estar entrando pela boca de cada uma das pessoas viciadas em beber água.
Neste caso, uma coisa puxa a outra, quero dizer, o lítio pode ser o amálgama para a melhoria das qualidades de vida do povo que já se cansou de ser explorado.
Que o lançamento do Vale do Lítio, em Nova Iorque, seja bem-sucedido, porque numa ação dessa, de tamanha importância, com repercussão mundial, está em jogo o Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais e o Brasil.
*Editor Geral do DM, jornalista e escritor.