
CRÉDITOS: Divulgação
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20-03-2025 às 09h57
Wilson Cid*
Falemos agora sobre outro tema que sempre sugeriu pesquisas mais aprofundadas. Fundador ou fundadores? Eis a questão inconclusa em relação aos primeiros tempos de Juiz de Fora, que chegou a cobrar noites de insônia de Albino Esteves, Luiz José Stheling, Paulino de Oliveira, Jair Lessa, Sirval Santiago. Assunto que se estenderia até os anos 70 com Alexandre Delgado.
Há que considerar que, em rigor, fundadores foram aqueles que, por determinação da Coroa, por aqui plantaram roças, depois construíram empórios e pousadas para hospedar os viajantes que passavam pela margem esquerda do Paraibuna, rumo aos garimpos e à administração da Província em Vila Rica. Àqueles anônimos fundadores o esquecimento, porque a História não teve o cuidado de guardar seus nomes.
Antônio Vidal desceu da região de Barbacena, instalou-se nos fundos da sesmaria onde esteve a fazenda do juiz de fora. Seu nome é por muitos tido como fundador, o que teria se confirmado com sua preocupação em construir, em 1741, uma capela para devoção a Santo Antônio, porque, até então, para se assistir à missa era preciso ir a Simão Pereira. Não faltaram intelectuais que advogassem dar a Vidal o título de verdadeiro fundador. Teria sido?
Mas, em se tratando de dúvidas, a questão mais polêmica está focada no engenheiro alemão Henrique Halfeld, oficialmente dado como fundador da cidade, contra a opinião de alguns pesquisadores, que o querem como cofundador. O memorialista Pedro Nava, filho de dona Diva, da família de Halfeld, opinou e deixou escrito:
“Ninguém fundou nada. Casamento com gente tradicional e povoadora do Paraibuna. É a fixação de Halfeld, que dizem que ele fundou. Fundou depois do seu sogro e dos seus cunhados. Esses Tostes, por sua vez, fundaram depois do potentado Manoel do Vale Amado. Este também fundou, mas fundou depois dos Souza Coutinho, que fundaram depois de Matias Barbosa”.
Quando se reage a Halfeld como o primeiro, o que se leva em conta é que ele chegou a cavalo, viu uma fazenda na margem esquerda do rio, ali conheceu a moça com quem se casaria no cartório que já existia num lugar com 1.400 habitantes… Teria sido então não o fundador, mas, depois do casamento, certamente o responsável pela urbanização da margem direita do Paraibuna, mérito que ninguém ignora. Ele próprio, em carta enviada à Alemanha, para anunciar o nascimento do filho em Juiz de Fora, fala da pia batismal que já havia aqui e da banda de música que abrilhantou a festa…
Fato é que, sem ele, essa terra talvez jamais se aprumasse no lugar da velha fazenda que foi de um polêmico juiz de fora.
* Wilson Cid é jornalista