Foram chuvas de alto calibre de explosão
A chuvarada deixou avenidas alagadas e uma quantidade grande de gente ilhada nas ruas e carros arrastados e empilhados pelo caudal d’água, cenas que daqui para frente serão rotineiras
24-01-2024 às 12:00h.
Direto da Redação
É o caso de cada um de nós fazer a seguinte pergunta: “Será que temos de nos acostumarmos com chuvas do calibre das que caíram sobre Belo Horizonte, como as desta terça-feira?” Pelo menos teoricamente, sim, temos de ir nos acostumando com isso porque somos os responsáveis, uns mais e outros menos, pelas consequências dos estragos feitos à Mãe Natureza.
Quem sobreviveu à noite passado ficou a imaginar que estava em um campo de batalha, tamanha a quantidade de raios, relâmpagos e trovões, além de uma chuva pesada, como se tivesse saindo de um metralhadora de disparos sequenciais. Deu medo. Pelo menos um trovão deixou a impressão de que havia caído a mãe das bombas, tamanha explosão.
Foram muitos os estragos provocados pelo temporal dos mais fortes até agora. E não foi do tipo pancada, aquela chuva que cai e logo depois para. Não, esse perdurou por bastante tempo entrou pela madrugada, fazendo com que a internet e a energia elétrica fossem interrompidas. A energia voltou de madrugada, mas a internet, a Vivo pelo menos, só voltou depois das 9h da manhã de hoje.
A chuvarada deixou avenidas alagadas e uma quantidade grande de gente ilhada nas ruas e carros foram arrastados pelo caudal d’água, cenas que daqui para frente serão rotineiras devido ao fenômeno El Niño somado às mudanças climáticas. Nas avenidas Amazonas e Contorno tiveram quedas de várias árvores.
A Defesa Civil informou que choveu forte em oito das nove regionais de Belo Horizonte. Entre 19h e 22h, choveu 86,6 milímetros, o correspondente a 26,2% do volume previsto para este mês de janeiro, que, segundo a DC, é de 330,9 mm.
Na Avenida Ministro Oliveira Salazar, Bairro Santa Mônica, região de Venda Nova, os homens do Corpo de Bombeiros informaram que pelo menos uma quinzena de moradores ficou ilhada, cada um mais desesperado do que o outro, temendo o pior, que, felizmente não aconteceu.
Na Rua Dr. Álvaro Camargos, bairro São João Batista, membros da Máfia Azul, torcida do Cruzeiro Esporte Clube auxiliaram no resgate de ilhados em carros que foram arrastados pela força das águas de enchentes.
Até mesmo na Savassi, Centro-Sul de BH, a chuvarada causou alagamentos. E funcionários de uma casa comercial tiveram de apressar a retirada de cadeiras e mesas que se achavam na iminência de serem levadas pelas chuvas atípicas.
Carros que pareciam ser feito de papelão foram sendo empilhados pelas águas no Bairro São Bento, na Região Centro-Sul da capital. Cerca de dez carros estacionados na Rua Michel Jeha, próximo da Barragem Santa Lúcia, foram prejudicados.
Os homens do Corpo de Bombeiros tiveram muito trabalho para retirar árvores caídas nos bairros Santo Antônio, Comiteco e Salgado Filho. Segundo o CB, foram anotados 82 chamados de quedas de árvores; 39 pedidos para salvar pessoas em meio às inundações, sendo a maioria da região de Venda Nova, perto da Avenida Vilarinho, um dos pontos críticos que as obras do prefeito Fuad Noman ainda não conseguiram resolver.
De maneira preventiva, a Defesa Civil de Belo Horizonte realizou o fechamento das avenidas Heráclito Mourão de Miranda, na região da Pampulha, e Vilarinho, na região de Venda Nova, devido aos riscos de transbordamento dos córregos Ressaca e Vilarinho, respectivamente.
Foi necessário interditar a BR-40, sentido Rio de Janeiro devido a alagamento na altura do quilômetro 563, região de Nova Lima, entre os condomínios Miguelão e Alphaville durante pelo menos duas horas.