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Fernando Henrique Cardoso e Lula - créditos: divulgação
23-02-2025 às 09h00
José Altino Machado (*)
Acredito que muitos recordem médico recordista de votos na política paulista, que tendo tempo mínimo para propaganda eleitoral gratuita em televisão, logrou extraordinário sucesso.
O homem, barbudo como um Lula de antanho, convenceu o eleitorado daquele estado que seria uma ótima opção para representá-lo na Câmara dos Deputados. Coisa que também em São Paulo não é grande novidade, pois por lá eles fazem coisas, que faz o Brasil pagar caro.
Se bem que o primeiro barbudo citado, foi aos píncaros do êxito por sua mínima exposição pública. Cara exposta à lá Zé Bunitinho, “câmara big close up”, e ele lascava apenas seu nome. “Meu nome é” … Recebeu cascatas de votos. Tantos, que por legenda, arrastou ao Congresso, partidário que obteve votação abaixo da linha da vergonha.
Um puta sucesso… mais que suficiente, para que me viesse a presunção, que aquela cachoeira de votos teria origem exatamente naquele tempo mínimo de TV.
Acreditei mesmo, que se lhe fora dado mais de 10 segundos, o eleitor o conhecendo melhor lhe negaria a representação. Embora no caso citado ele não tenha sido uma negação no parlamento. Ressalvado apenas que andou ensejando defesa à construção de bombas atômicas. Também ficou longe em ser ruim.
Surpreso, descubro que também aqueles que muito aparecem na política, podem nos levar a ilusões e prejuízos maiores, nos fazendo apelar a Deus para salvar o Brasil e a nós com ele.
Durante aquilo que muitos chamam de revolução, 1964, muitas tristes ocorrências, sem dúvida aconteceram. Em que pese que eu próprio acreditasse que realmente alguém deveria segurar com firmeza as rédeas do controle do país que se descambava, nenhum olhar de satisfação tive quanto a repressão acontecida ao setor estudantil e suas organizações representativas que, verdade seja dita, muito haviam se politizado, por se envolverem inclusive em fervescentes políticas internacionais da época.
Período então, em que acreditava realmente que algo deveria ser feito e que havia necessidade em se arrumar o próprio país. Porém, em meu entendimento, deveria ocorrer apenas o afastamento dos nocivos ou tóxicos contaminantes naqueles instantes, sem a destruição das entidades e muito menos seus patrimônios.
Cuidado deveriam de ter tido, com a preservação da mente útil dos estudantes na política nacional. Afinal, em todo histórico de exercício político mundial, eles se fizeram necessários.
Erram sim, e muito, mas em contrapartida, aprendem com as exaltações dos próprios erros, jamais se acomodando quando nos acertos.
Estrago social maior, aconteceu exatamente com a unificação e centralização do ensino aos poderes da União, os retirando aos Estados Federados, que notoriamente possuem diferenças em tradições e culturas.
Mais grave, acabaram por proibir totalmente o exercício total da política em educandários, reconhecidas usinas fabris de lideranças. Bem por isso, as sementes daqueles que possivelmente seriam benfazejos aos interesses maiores da Nação, não puderam vicejar e sequer brotarem.
Lamentavelmente, por extremos de forças repressivas do governo/s que se instalavam, muitos merecedores passaram até por exagerados maus pedaços, assim como também outros misturados a eles, inocentes, que apenas participavam em honestas reivindicações. Talvez açodados, mas sempre levados e envolvidos por ideais próprios da juventude.
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Entretanto, enquanto muitos aqui pagavam contas até ao diabo, outros que propagaram aparentes valentias, simplesmente se escafederam. Em termo xucro: Racharam fora.
Alguns nem sequer estavam sendo procurados, mas achando insegura a casa da mamãe, correram a países vizinhos.
Entre estes últimos, exemplo vivo da falta de coragem em assumir suas ações, se encontrava um, bonitão, com pele de cordeiro. Voltou dizendo ter sido “perseguido” e que se fora acoitar no país vizinho, não por vontade própria, mas despachado por ordens supremas ao exilio.
Distorção da verdade, mas à época ninguém se deu conta do engodo, por tantos problemas outros existentes vividos e verdadeiros. Nem eu…
Pois o cidadão, nada corajoso, nem muita responsabilidade, mesmo com um tantão de exposição pública, bom vendedor de verdades não suas, mas avalizadas por realidades não compreendidas, elegeu-se a Senador. Algum tempo logo após, chegou a presidente da República.
E também, eu, iludido, torci da arquibancada onde estavam as urnas.
Não sei como este senhor, hoje ainda vivo, conseguiu burlar e até zombar do velho ditado de que “ninguém consegue enganar a muitos, por muito tempo”. Ele provou que se consegue, e por muito tempo também.
Eleito presidente, logo bradou: “Serão vinte anos de poder”. Não foi, mas o estrago de suas irresponsáveis presepadas e artes, duas a três gerações serão necessárias para seu reparo.
Nada teve com o novo plano financeiro que se instalava na ocasião. Outros luminares de então o projetaram. Ele era à época, ministro do presidente que aqui regia a elaboração do tal plano estabilizador e que a ele confiara as relações exteriores.
Por sua condição de interlocutor do nosso país com o exterior, virou ministro da Fazenda, para se juntando aos demais explicarem e detalharem ao mundo o Plano Real. A confiança internacional seria altamente necessária para o sucesso pretendido.
O presidente daquele tempo, mineiro sério, em nada desconfiou daquele não muito bom elemento que agasalhava em seus meios e feitos.
Foi o primeiro a ter seu prato cuspido. O corvo de tantos não merecidos “honoris causa”, levado ao sucesso, eleito presidente, roubou-lhe, não só, o benefício trazido pelo programa financeiro, como a própria paternidade do dito.
Daí a frente, bem endeusado pelo poder, tendo ao lado o descaramento do segundo, que fazia “aquelas coisas” que ele não tinha coragem em fazer, providenciou desandar todo o pudor, vergonha e honradez da representação da política nacional. E como aviso dos campos de rapina, pouco antes dele, outro deslumbrado aparecido, também Fernando, sofrera vexaminoso impeachment.
Experiente, estando no cargo mais que rápido providenciou sua própria reeleição mostrando como “comprar” o fazedor e modificador das leis, ou seja, o Congresso Nacional.
Sistema e valores foram estabelecidos perpetuando comportamentos no “Congresso Nacional de 300 picaretas” como dizia o Lula, que deixaram raízes nos meandros políticos mais elevados. Dizia, porque agora após mensalões e outras coisas mais, até estes nossos dias, ele não pode mais dizer. Contaminado, tem rezado na mesma cartilha do senhor Fernando Henrique Cardoso.
Deste FHC, como resultado, ao desocupar a cadeira, o bom real saíra de um por um e batera 4×1 de dólar.
Trouxe ainda novidade como presidente, que diferente de todos, raramente pronunciava ou se referia a Amazonia.
No entretanto, foi o primeiro a promover desnecessárias ampliações de parques naquela região, também em áreas limites, mais precisamente no Tumucumaque, então abrigo de muitas atividades extrativistas. Promovendo abertura ao ciclo de desocupação civil das fronteiras nacionais as tornando abertas a tráficos de desvairadas mercadorias inclusive armas pesadas.
Logo a seguir a este “evento”, sem razões outras, senão agrado, sua Fundação (ong presidencial???) recebeu soberba porção de dólares.
Não satisfeito em suas vaidades atrás de tantos títulos honoris causa, vende por valor simbólico, a bancos paulistas, fundos e estrangeiros, o controle da maior companhia brasileira, a VALE DO RIO DOCE, criada mais para agência de desenvolvimento nacional e que nos custara além de muitos sacrifícios, bilhões e bilhões de dólares. E a companhia se foi levando junto concessões, com uso praticamente exclusivo, os dois maiores corredores ferroviários de exportação nacional.
Mais grave, nenhuma compensação à União, proprietária constitucional dos bens minerais que sozinhos valem mais que todo o botim restante.
Pois é, este aí, ex-estudante profissional fugidio, vaidoso demolidor das coisas prontas, tornou-se pernicioso encantador de sociedades inteiras. Seu Sancho Pancha, Sergio Mota, já falecido, o tem aguardado às portas do purgatório, para juntos descerem aos Infernos, não o de Dantes, que dizem ter labaredas mais frescas, mas aquele de óleos ferventes, que usam como lubrificantes em colonoscopia de merecedores pecadores, embusteiros e turbadores à moral daqueles que são importantes a Nação.
BH/Macapá/GV, 23/02/2025
Jose Altino Machado é jornalista