As circunstâncias não eram as ideais para uma entrevista, mesmo porque o palhaço estava ali a serviço, mas ainda assim foi possível tirar algumas informações dele
20-12-2024 às 08h53
Bento Batista*
Uma das melhores coisas para manter a autoestima do cidadão é ele trabalhar fazendo aquilo que gosta. O profissional tendo a oportunidade de fazer aquilo que gosta faz tudo bem feito porque é realizado de boa vontade. Diverte, até, garantindo o pão de cada dia e mais alguma coisa.
“Eu gosto do que faço” – a frase saiu da boca de um homem de cerca de três metros de altura. Um gigante?! – o leitor pergunta admirado! Não, um palhaço com suas pernas de pau.
Ele fazia a animação na rua da inauguração de uma farmácia, no Bairro Santo Antônio, e devido a novidade da hora, com ele bati um papo rapidamente, eu embaixo e ele no alto das pernas de pau.
O nome dele é Jorge. Ele contou que, desde criança, brincava de “perna de pau”, mas com o uso de latas de um certo leite em pó e depois com madeira mesmo. O tio dele possuía uma oficina e ele treinava para ser o que é hoje, porque gosta de animação e de animar as pessoas.
Enquanto falava comigo, Jorge não parava de se movimentar nas pernas de pau nem de manusear bastões que antes do nosso encontro ali no meio do asfalto ele jogava para cima e aparava com destreza, um meio de chamar a atenção para a farmácia em inauguração.
As circunstâncias não eram as ideais para uma entrevista, mesmo porque o palhaço estava ali a serviço, mas ainda assim foi possível tirar dele algumas informações, como por exemplo, quanto tempo ele gasta só se arrumando para se apresentar.
- No mínimo meia hora, porque tenho de me alongar e me preparar fisicamente durante uns 20 minutos e mais 10 minutos para vestir o figurino.
- Você faz isso todos os dias?
- Nem todos os dias, porque faço outras coisas também.
- E gosta do que faz.
- Gosto. Fazendo o que gosto eu não me sinto explorado.
Eu disse a ele que também gosto do que faço. Desejei boa sorte e continuei a minha caminhada.