
Energia renovável, eólica e fotovoltaica no Brasil - créditos: divulgação
01-03-2025 às 07h47
Enio Fonseca*
A frase que ficou famosa foi dita por Dilma em setembro de 2015, durante um evento na ONU- Organização das Nações Unidas, em Nova York, sobre mudanças climáticas. Na ocasião, a Ex Presidente Dilma discorria sobre a intermitência das fontes renováveis, como a energia eólica e solar, e a necessidade de desenvolver tecnologias para armazenar essa energia.
A expressão “estocar vento” virou meme e ganhou as redes sociais, mas o conceito por
por trás da fala de Dilma não estava errado.
Armazenamento de energia é o processo de guardar a energia produzida para usar posteriormente. É um elemento fundamental para a transição para fontes de energia renováveis, que possuem restrições operacionais, dependendo dos ventos e da presença do sol, garantindo um suprimento estável.
O armazenamento , de forma conceitual geral, apresenta as seguintes características:
- Armazena o excedente de energia produzido em períodos de alta geração
- Permite usar a energia quando a demanda aumenta
- Garante um suprimento estável de energia
- Equilibra a oferta e a demanda de energia
- Estabiliza a rede elétrica
Existem sete principais tipos de armazenamento de energia, cada um com suas particularidades e aplicabilidades distintas. Abaixo, veja os principais.
1. Bombeamento hidrelétrico, 2. Ar comprimido,3. Armazenamento térmico, 4. Supercondensador, 5. Volantes de inércia,6. Pilhas de combustível de hidrogênio e 7. Baterias
As baterias armazenam energia em compostos químicos, como pilhas de chumbo-ácido, íon de lítio ou níquel-cádmio. Elas oferecem rápida resposta, facilidade de instalação e benefícios para ativos renováveis.
Os sistemas dos reservatórios e das barragens foram construídos para armazenar a água, liberando a sua energia potencial para diferentes finalidades, e são considerados baterias hidráulicas, e precisam ser retomados no Brasil.
A bateria química é uma solução prática para o armazenamento de energia elétrica, mas seu uso é limitado devido a capacidade reduzida e custo relativamente elevado.
Os consumidores brasileiros deverão investir nos próximos cinco anos até R$ 22,5
bilhões em sistemas de armazenamento de energia, por meio de baterias. Até 2024, o
mercado brasileiro já aportou pelo menos R$ 5 bilhões em sistemas. ,
O montante deve crescer gradativamente, adicionando R$ 2,3 bilhões em 2025 e
subindo até o pico de R$ 5,7 bilhões em 2030. Os valores consideram o mercado de
armazenamento atrás do medidor (interno), microrredes e sistemas não conectados à
rede.
Dados da Bloomberg apontam que 80,5 gigawatts (GW) em sistemas com baterias são previstos para este ano, um crescimento de 20% frente aos 66,6 GW de 2024 em todo o mundo.
A capacidade instalada de armazenamento de energia por meio de baterias no planeta
deve chegar a 759 GW até 2030, com a expansão liderada por três países: China,
Estados Unidos e Alemanha.
O levantamento destaca que estas nações contam com incentivos governamentais por
meio de subsídios, créditos fiscais, entre outras medidas. Segundo a Greener, no Brasil,
a carga tributária sobre sistemas com bateria pode chegar a 79%.
O ministro de Minas e Energia- MME, Alexandre Silveira, disse que, até o meio do ano, deve ser realizado o primeiro leilão para contratar sistemas de baterias que permitam armazenar a energia gerada por essas fontes intermitentes.
Uma robusta análise sobre este tema de armazenamento, faz parte do livro Climate Uncertainty and Risk, Rethinking Our Response escrito por Judith A. Curry, e publicado na Inglaterra e Estados Unidos em 2003.
O autor discorre sobre vários temas, dentre os quais destacamos::
- “Os problemas de intermitência associados à energia eólica e solar
podem ser resolvidos por meio de baterias.
A opinião dele é: “Possivelmente, mas a um grande custo e complexidade adicional”.
O Brasil além de continuar investindo em fontes de alternativas renováveis, precisa de uma grande capacidade de armazenamento das energias intermitentes, em especial a solar e eólica, para atender o crescimento do País.