Em garimpo não existem as palavras putas ou prostitutas; lá elas estão seguras e respeitadas
Por elas todos tomam banho e com elas se casam. Há 45 anos, com os ianomami, “não há nenhum filho gerado por garimpeiros”. De missionários e ongueiros, lá tem e não poucos
20-08-2023 – (08h: )
José Altino Machado*
Algumas declarações do senhor ocupante do cargo de Presidente da República, além de espanto, causam sérias preocupações, não somente por seus vaidosos propósitos e ambições para reconhecida relevância internacional, como também por entendimento do que seja presidir uma União em declarado regime democrático.
Em vídeo agora, não diria publicado, e sim exposto, diz ele, “nós tomamos uma decisão, acabou a brincadeira, não haverá mais garimpo, nem sobrevoos” ... palavras dele. Um se foi porque quem fica a ser tenente, não deve seguir a presidente, e agora demonstrado está, de que quem assume com síndromes de poderes adquiridos, não toca a rumos pretendidos.
Uma autêntica e transviada loucura tais diretivas administrativas. Em nosso país, ainda vivo temos um ex-presidente de forte presença política que dispensando toda ambição eleitoral ainda hoje detém um poder notável de influência e significativo comportamento de estadista. Todo seu grande valor foi construído exatamente frente a açodamentos de jovens, apressados neo-politicos e principalmente por seus prudentes cuidados, estabelecendo limites, para coexistir TOLERÂNCIA. Sendo este um sentimento altamente necessário a qualquer que venha a exercer mandato de tal magnitude de uma Nação como a nossa.
Temos hoje, um puta boquirroto presidente, diferente até dele mesmo em mandatos anteriores. Tenho para mim que até a humildade lá se foi pelo presídio afora.
Afirmo e explico: o garimpo é atividade coletiva aberta e não uma sociedade anônima fechada que como tantas que tantos tem comprado políticos no Brasil.
Somente na Amazônia mais de 450 mil garimpeiros e na casa dos três milhões de dependentes. É uma realidade e está em todo o País. E todo o grande território, foi conquistado por eles em largas fronteiras para criação da Nação.
Em tempos modernos, detinha a maior frota aérea em serviço e os mais voados pilotos do Brasil. Com certeza noutros tempos não existiam oficiais torneiros mecânicos, nem para ajudar com discursos populistas sua mínima existência. Estes, só vieram bem depois de prontas as camas para que deitassem e rolassem, e bota tempo nisso.
Garimpo é comtemplado na Constituição Federal, sendo atividade profissional única lá presente, além dos óbvios doutores advogados.
E se hoje este presidente ousa dizer isto, que chame de volta seu competente jurista indicado ao Supremo, para lhe dar uma dica legal que para o que ele deseja há que se rasgar a Carta Maior e jogá-la na privada com os mais fétidos excrementos.
Por isso, se há alguém em prejuízo da Nação, à sociedade, ao trabalho e sustento social, é ele e sempre será, o administrador maior. Está lá bem escrito e sem necessidade de muito saber intelectual para se entender que CABE ao GOVERNO a organização dessa, por desconhecimento dele, tão “desconceituada atividade”.
O grande problema vivido é que políticos de aprendizado e comportamento como tantos e dele também, é jamais se aculturarem nos quesitos e nas imensas necessidades da sociedade e principalmente não aprenderem através da história com os erros e acertos dos antepassados, para condução harmoniosa das diferentes necessidades implantadas não só pela cultura existente, como pela educação e carência econômica.
Dentro desse labor, de gente de saber humilde, mas buscado para a honra da independência, se trabalha com a cultura que se tem. A eles nunca coube o direito da descoberta, pelo contrário ainda ajudam a semear a cobiça nos ditos “empresários” estranhos ao setor mineral. Sempre foram apenas alvos a serem, como quer o presidente, intimados a deixar a imerecidos, mas presentes em salas palacianas, as riquezas que souberam encontrar.
Por sinal, se a culta esposa deste senhor presidente, pudesse contribuir a melhor justiça nacional diria a ele que sempre foi assim, desde Brasil colônia e os reis se foram e os garimpeiros ainda aí estão. Não SÃO ILEGAIS E SIM MANTIDOS ILEGALIZADOS POR ARBRITÁRIOS OU ESCUSOS INTERESSES. Após a Carta de 1988, legalização e aberturas à popular economia e atividade garimpeira estão com administradores que lá vão assumindo cargos sem muito preparo ou intenção de boa fé. Coisa interessante de se dizer, pois há pouco tempo até nosso SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL estabeleceu que não há mais o instituto da boa-fé, agora então tudo virou sacanagem, exemplo tomado da política, todo mundo maculado e sujeiras de intenções.
Não queria ter vivido tanto a chegar vivenciar tais coisas. Logo eu, que transmiti a gerações e filhos que me sucedem, o valor da honra, da palavra dada e principalmente da justiça ao meio em que se vive. E quanto a este último, por ele a Amazônia tem um peculiar processo de exclusão a bem social, e por isso bem sei estar vivo até hoje e com direito a publicar minhas razões.
Ouvi também fala proferida em cenário legislativo maior, por aposentada estrela de desejos econômicos particulares. Fala ele, nem sei porque, dos costumes morais dos garimpeiros, chegando mesmo de os intitular estupradores, aliados a facções criminosas e outras coisas com certeza por ele vivenciadas em sua vida “privada em cidades”.
Em garimpo não existem as palavras putas ou prostitutas, em nenhum outro lugar no mundo são tão seguras e respeitadas, onde também nunca lhes acontecem agressões. Aliás, sem brincadeiras, até por elas todos tomam banho, e com elas se casam. E quanto as citadas índias aliciadas, como também diz, é bom que todos saibam, há quarenta e cinco anos, certo ou errado, conviveu se com ianomami, não havendo, entretanto, nenhum filho gerado por homens do garimpo. De missionários e ongueiros, ahhh isso lá tem e não muito poucos.
Com mundurucus lá se vão mais de 70 anos, caiapós outro tanto, cintas largas 40, só mesmo tão incultos políticos para ignorarem a realidade ou como o fez de má fé, o representante dos expoentes empresariais, sanguessugas do direito alheio.
Quanto a maldosa afirmação de conluio a facções criminosas originadas do mundo no qual ele vive, podem estar certos se chegam, pouso não encontram e vão-se embora de volta a berços e recantos. Hoje, ainda mantendo respeito institucional, que antes de tais asneiras se consulte a nossa, não do presidente, Polícia Federal se houve no passado ou no presente alinhamento de garimpo ao crime organizado. Aparecerem, é normal, estarão sempre onde tiver dinheiro, por isso até políticos nos visitam e muito.
Seja presidente ou simples contratado e regiamente pago gerente de particulares organizações, será sempre necessário ter-se rigor e responsabilidade em públicas afirmações.
Das janelas do Palacio do Planalto se avistam os moradores de rua da capital federal, como a centenas de milhares em todas outras cidades do país, entretanto nossa política e presidência, não satisfeita com o tamanho da “fila dos ossos”, vai a Amazônia livre, buscar de volta a produzir mais “garimpeiros da fome e miséria”.
Necessário mesmo, se acabar com a brincadeira macabra instalada, não na Amazônia, mas nas políticas nacionais que são até de mau gosto.
*José Altino é jornalista, escritor e garimpeiro nascido em Governador Valadares (MG)