“Sei disso; sei inclusive que estamos diante de eleições e aqui, nessa cidade maltratada, estão disputando a prefeitura dez candidatos, que, inclusive, o seu jornal Diário de Minas mostrou nessas dez edições mais recentes. Então…”
Direto da Redação
– Eu sou o Eleitor, o que o senhor quer?
– Quero conversar com o senhor, posso?
– Então chega mais, sente-se, aqui, e vamos conversar sem mais delonga porque a fila é grande.
O cenário visto da janela era a Serra do Curral e a sua sinuosidade, que bem demonstra a imperfeição das pessoas “perfeitas”; cenário queimado pela mão criminosa de algum “patriota” sem querer rimar com idiota. O Sol vermelho perdeu os raios que espargiam na Terra com suas luzes.
– Obrigado pela gentileza, Eleitor. Se posso começar, quero conversar com o senhor, Eleitor, porque, se me permite chamar-lhe de você, acho que tem alguma instrução e não desconsidera a política, porque é ela que gerencia a vida da gente em todas as circunstâncias, abaixo de Deus.
– É, sei disso; sei inclusive que estamos diante de eleições e aqui, nessa cidade maltratada, estão disputando a prefeitura dez candidatos, que, inclusive, o seu jornal Diário de Minas mostrou nessas dez edições mais recentes. Então…
– Então, se me permite preciso saber em quem, Eleitor, você vai votar, posso?
– Pode. Vou votar naquele candidato que eu puder encarar – cara a cara, olho no olho – e prescrutar a alma dele para, empaticamente, sentir que ele é sincero, digno de confiança, e antes de qualquer coisa, pensa, fala e cumpre a vontade política transformando tudo numa prática cotidiana, para evitar mais sofrimento e dar ao povo alento, alegria, satisfação, prazer.
– Sim, mas como isso – essa encarada como você fala – vai acontecer ao vivo e em cores?
– Não necessariamente deve ser assim e entenda de uma maneira simbólica. Quando a gente pode ler a respeito de cada um, inclusive no seu jornal. Como Eleitor, vejo essa decisão de escolher um candidato não porque seja bonito ou feio, mas aquele que trabalha de fato para o bem-estar das pessoas em todas as áreas, com programa de governo exequível. Aquele que, antes mesmo de pensar “cidade”, urbanisticamente falando, arregace as mangas de camisa, como se diz, e vai logo trabalhando para o povo, pelo povo e com o povo. O resto é balela.
– Como assim…?
– Olha, quer saber de uma coisa? Eu, como Eleitor, acho que as pessoas, individualmente, precisam dar um jeito em si mesmas para poder melhorar o todo, porque nunca vi tantas aberrações. A Sociedade está se destruindo. Basta a gente dar uma rodada nos calcanhares para perceber o quanto arruinamos tudo. E tudo tem a ver com a má qualidade da política praticada em todas as esferas. E esta é uma oportunidade de, como Eleitor, mudar isso. As mudanças devem partir de dentro para fora e nesta oportunidade, eu posso, como Eleitor, mudar essa nossa realidade…
– Como fazer isso?
– A gente não está sempre ouvindo que “abaixo de Deus, tudo aqui é política”. Então, eu, Eleitor, devo antes de qualquer possível interesse particular, devo pensar no outro. Se as pessoas melhorarem por dentro a tal ponto de pensar coletivamente, vamos mudar essa maneira vergonhosa de se fazer política. Acabar com os políticos que legislam só em causa própria, entram na política para arrumar-se financeiramente na vida, enchendo os ouvidos dos eleitores com promessas que nunca irão cumprir, mas foram eleitos. E para isso enganaram os eleitores.
– Acho que você, Eleitor, está coberto de razão e também vejo assim, esta é mais uma oportunidade de mudar as coisas, a partir dos vereadores e do prefeito. Mas as pessoas precisam participar da política.
– É, se as pessoas de bem se recusam a entrar na política, os espertalhões entram.
– Isso mesmo, obrigado, Eleitor, pela entrevista.