19-12-2024 às 15h15
Breno Mendes Araújo (*)
O pico histórico do dólar no Brasil foi em 14 de maio de 2020. Um dólar chegou a custar R$5,93. Com isso não se pode culpar este ou aquele governo por não conseguir controlá-lo.
O fato é que o dólar nas alturas como está, deixará o Brasil entre os países onde se tem as moedas mais desvalorizadas do mundo.
O dólar hoje, 19 de dezembro de 2024, bateu a marca de incríveis R$6,26 mesmo com a intervenção do governo.
Isso esfria o mercado e desanima, desde o micro empreendedor individual ao grande empreendedor que emprega milhares de pessoas. Não tem motivação nem determinação que dure frente aos negócios.
Como empresário e empreendedor que acreditava no Brasil até este ano, começo a ficar em dúvida: compensa mais desmobilizar ativos demitindo pais de famílias que precisam levar o pão de cada dia para seus filhos ou continuar arriscando e depois ter que fechar as portas de vez?
No meio empresarial, os riscos são previamente calculados. Tudo é planilhado e os caminhos que os governos adotam são levados em conta por todo o mercado ao pé da risca. Ou você avança ou para e refaz o seu curso. Não existe mágica ou milagres para se empreender, principalmente no Brasil.
O governo precisa urgentemente transmitir segurança para os investidores com ações claras e não apenas dizer que vai fazer cortes de gastos e lá na frente desidratar as medidas adotadas.
A arrecadação do governo aumentou significativamente. Os gastos continuam aumentando muito mais. No fim, a conta não fecha; muito menos para o empresário que tem o governo, praticamente, como seu sócio, diante de uma carga tributária que impede o crescimento de seus negócios.
Só de janeiro a outubro de 2024, a arrecadação federal chegou a R$2.182 trilhões de reais, chegando a 14,40% superior ao mesmo período de 2023. Estes dados são do próprio governo.
Para o empresariado que cumpre com suas obrigações tributárias em dia e o povo que paga seus impostos embutido em tudo que se consome, o que fica é uma desesperança grande para seus negócios e projetos futuros.
A continuar a disparada do dólar, as empresas que dependem da importação de insumos que nosso país não produz, além de equipamentos diversos necessários para movimentar nossa economia, vão se retrair e a arrecadação federal consequentemente vai cair também.
Já tivemos um recuo significativo da economia brasileira em 2015 e em 2020 com a pandemia. Se continuarmos com a atual política econômica, empresas sérias, empreendedores engajados e confiantes perderão suas esperanças. Com certeza, optarão em imobilizar capitais e em aquisições mais seguras a longo prazo ou partir para o mercado financeiro especulativo.
Uma recessão nesta altura dos acontecimentos é tudo que ninguém quer.
É preciso que o governo reveja, para ontem, como efetivar medidas que porão fim à alta do dólar. Só assim, os empresários e o povo voltarão a confiar, mesmo desconfiando.
(*) Breno Mendes Araújo é administrador de empresas pela Faculdade Pitágoras, empreendedor e Ceo da Starlight Top One, especializada em eficiência energética e importação.