
No dia do idoso o Diário de Minas parabeniza e deseja saúde e paz a todos - créditos: divulgação
01-10-2025 às 11h18
Samuel Arruda*
Neste 1º de outubro, o Brasil celebra mais um Dia do Idoso — uma data que, mais do que marcar no calendário, convida à reflexão sobre o lugar que a pessoa idosa ocupa em nossa sociedade. Em 2025, apesar de muitos desafios ainda persistirem, há sinais concretos de avanço na qualidade de vida da população acima dos 60 anos. E se o presente é melhor do que foi há 20 ou 30 anos, é graças a quem, hoje, é chamado de idoso.
Nos últimos anos, o envelhecimento da população brasileira deixou de ser apenas uma previsão estatística para se tornar uma realidade urgente. Em resposta, políticas públicas começaram a ganhar mais corpo. Em 2025, o reajuste do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o fortalecimento dos Centros de Convivência para Idosos em municípios de médio porte, e a ampliação de vagas em programas de atenção domiciliar do SUS são exemplos de avanços relevantes.
Além disso, a pauta do envelhecimento ganhou protagonismo nas campanhas eleitorais e nas redes sociais. Nunca se falou tanto — e com mais respeito — sobre longevidade ativa, combate ao etarismo e inclusão digital dos mais velhos.
Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que houve uma redução de 12% nas internações por quedas entre idosos, reflexo de programas de prevenção e campanhas de conscientização. Também cresceu o número de idosos que praticam atividades físicas regularmente, graças a iniciativas comunitárias e ao aumento de academias ao ar livre em todo o país.
Entretanto, o acesso a atendimento especializado ainda é desigual. Longas filas por consultas com geriatras, dificuldade de acesso a medicamentos de uso contínuo e carência de cuidadores qualificados são gargalos que precisam ser enfrentados com mais investimento e planejamento de longo prazo.
Em 2025, o número de idosos conectados à internet ultrapassou 70%, impulsionado por programas de alfabetização digital e pela própria motivação dessa geração em continuar ativa. Muitos seguem trabalhando, empreendendo ou estudando — desafiando estereótipos que os colocam como passivos ou frágeis.
Empresas começam a entender o valor da experiência. Iniciativas de “mentoria reversa” e programas de contratação 60+ ganham espaço, mas ainda são exceção. O preconceito etário (ou etarismo) ainda é uma barreira real, que precisa ser combatida com educação e legislação.
No entanto as condições do idoso pode melhorar. Para garantir um envelhecimento mais digno, é preciso ir além de políticas pontuais. São necessárias mudanças estruturais: uma reforma urbana que priorize acessibilidade, um sistema de saúde que antecipe cuidados e não apenas trate doenças, e uma cultura que reconheça o valor da experiência — e não descarte quem a tem.
Além disso, é urgente ampliar a rede de apoio para idosos em situação de vulnerabilidade social, especialmente mulheres idosas e pessoas negras, que historicamente sofrem com as piores condições de saúde e renda.
O presente só existe porque alguém o construiu. Se hoje o Brasil é mais democrático, mais moderno e mais justo do que há décadas, é porque milhões de brasileiros — agora idosos — trabalharam, resistiram, criaram famílias, abriram caminhos. Reconhecer isso não é apenas um gesto de gratidão. É justiça.
Neste Dia do Idoso, mais do que flores e homenagens, o país deve oferecer respeito, políticas efetivas e oportunidades reais para que cada pessoa idosa possa viver com dignidade. Porque, no fundo, tudo o que temos de melhor hoje foi semeado por quem agora colhe — e merece colher com tranquilidade.
O jornal Diário de Minas parabeniza a todos os idosos do Brasil
*Samuel Arruda é Jornalista