
Deputado federal Euclydes Petrersen e o presidentes da Câmara dos deputados, Hugo Mota ambos (Republicanos) - créditos: Republicanos
21-09-2025 às 12h12
Samuel Arruda*
O deputado federal Euclydes Pettersen, de Minas Gerais, está envolvido em suspeitas quanto à comercialização de uma aeronave que, segundo investigações, foi vendida por ele para uma ONG associada à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) — entidade que, por sua vez, recebeu recursos de emendas parlamentares de autoria do deputado.
De acordo com apurações do Estadão evidenciadas em setembro de 2025, a sequência dos fatos é a seguinte:
Pettersen possuía 50% de um avião monomotor, modelo Cessna 172RG. O outro coproprietário registrado é um empresário de Governador Valadares, Minas Gerais; Em março de 2023, o deputado e seu sócio venderam a aeronave para Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), por aproximadamente R$ 400 mil; O ITT é uma ONG que mantém vínculo com a Conafer para realizar ações sociais, incluindo atendimento a pequenos agricultores e povos tradicionais.
Entre 2022 e 2023, Pettersen destinou cerca de R$ 2,5 milhões em emendas parlamentares ao ITT. Isso causou suspeitas de que tenha ocorrido tentativa de desvinculação da Conafer em relação à aeronave logo após a operação da Polícia Federal que atingiu entidades ligadas ao grupo, possivelmente para evitar bloqueio judicial.
Pettersen negou irregularidades, afirmando que vendeu o avião anteriormente a um empresário, que por sua vez pediu que a transferência fosse feita para terceira pessoa. Ele também afirmou que possui apenas metade da aeronave.
Além disso, investigações levantaram indícios de fraude em convênios que envolveram essas emendas. Sinais de licitações simuladas e uso de empresas ligadas à Conafer teriam sido identificados, bem como utilização de “concorrentes‑fake”. Um exemplo citado é da empresa Agropecuária PKST LTDA, comandada por pessoas próximas à estrutura da Conafer, que teria obtido subcontratos suspeitos.
*Samuel Arruda é jornalista