
Porque longevidade é oportunidade. CRÉDITOS: Divulgação
10-07-2025 às 09h18
Alessandra Garcia*
O Brasil está rapidamente envelhecendo entre 2012 e 2024, o número de pessoas com 60 anos ou mais cresceu 55%, chegando a 35 milhões. E nesse mesmo período, houve um aumento de 69% na ocupação formal desse grupo, que já corresponde a 8,6 milhões de trabalhadores
Esses números mostram que longevidade e trabalho passam a caminhar juntos. Mas ainda há uma barreira forte: o etarismo o preconceito contra profissionais mais maduros.
Etarismo estrutural, invisível e tóxico
Apesar da experiência e estabilidade que frequentemente oferecem, mais de 86% das pessoas com mais de 60 anos relatam sofrer preconceito no trabalho. Profissionais entre 50 e 64 anos têm ainda mais dificuldades: 56% estão fora do mercado, e 55% acreditam que a tecnologia reforça essa exclusão. Mulheres 50+ sofrem particularmente: 64% afirmam ter dificuldade para serem contratadas
Porém, embora 78% das empresas se definam como etaristas, 6% a 10% dos funcionários têm mais de 50 anos. Isso indica que, mesmo sem querer, muitas organizações acabam limitando o potencial desses profissionais seja por estereótipos, falta de diversidade geracional ou crença de que a idade encarece ou limita.
O outro lado: criatividade, sabedoria, motivação renovada
Apesar dos obstáculos, é crescente o reconhecimento do valor que profissionais mais velhos trazem. Quase metade das empresas destaca confiança, comprometimento e experiência como qualidades desse grupo.
Além disso, muitos que prolongam a carreira após os 50 o fazem não apenas por necessidade, mas também por busca de propósito, engajamento e relevância.
O que o mercado precisa e o que você pode fazer agora
Uma jornada saudável depois dos 50 passa por duas frentes:
1. Combater o etarismo presente
- Para organizações: políticas de diversidade geracional podem reduzir estereótipos. Programas de requalificação, equipes multigeracionais e recrutamento inclusivo já mostraram impacto positivo.
- Para profissionais: vencer o autopreconceito também é essencial. Chamado de “autoetarismo”, esse fenômeno faz quem tem mais de 50 se sentir “velho demais”. Reconectar-se com seu valor e seu aprendizado é o primeiro passo.
2. Reconfigurar a carreira com longevidade
- Requalificação contínua: adotar novas tecnologias, atualizar-se em processos de gestão, comunicação digital, etc.
- Mentoria e liderança reversa: compartilhar experiências e aprender com gerações mais jovens cria dinamismo e fortalece vínculos.
- Empreendedorismo e projetos paralelos: muitos 50+ escolhem autonomia e propósito em modelos flexíveis.
- Autocuidado estratégico: ajustar ritmo, investir em saúde mental e equilíbrio entre trabalho e vida
Do preconceito à potência um novo protagonismo
Chegar aos 50 anos não é saída de cena: é chegada em outro palco.
Você carrega repertório que só se constrói em décadas visão sistêmica, resistência emocional, empatia com gerações diversas.
O desafio é transformar esse diferencial em nova narrativa reescrevendo seu lugar no mercado, inclusive com mais autoconfiança e autonomia.
O convite: reescrever sua narrativa profissional
Reflita sobre essas perguntas:
- Como você quer ser visto após os 50?
- Quais conhecimentos e habilidades você ainda deseja explorar?
- Estamos cultivando vínculos intergeracionais no trabalho?
- Que mudanças você precisa iniciar para viver essa nova fase com propósito e leveza?
Não trata-se de insistir num modelo antigo, mas de construir uma jornada alinhada com quem você é e com quem quer ser daqui pra frente.
Porque longevidade é oportunidade. E sua carreira, depois dos 50, pode ser mais vibrante, impactante e cheia de sentido do que nunca.
*Alessandra Garcia