Advanced server hub managing large datasets for artificial intelligence training - créditos: divulgação
09-12-2025 às 08h40
Direto da Redação
Nas últimas semanas, o Brasil anunciou, por meio do Ministério de Minas e Energia, um projeto de data center que deve superar R$ 50 bilhões em investimentos. A estrutura, que será instalada no Ceará, pertence à ByteDance, responsável pelo TikTok, e será desenvolvida em parceria com a Casa dos Ventos, especializada em energia eólica.
Trata-se de um dos maiores investimentos em data centers da história do país, que segue se consolidando como o principal polo de infraestrutura digital da América Latina. Apesar do otimismo, a iniciativa reacende o debate sobre a demanda por especialistas e os impactos ambientais envolvidos.
Brasil se torna polo estratégico para data centers
Com 163 data centers em operação atualmente, segundo a Confederação Nacional da Indústria, o Brasil é o 11º maior país do mundo nesse segmento. Na América do Sul, lidera como principal mercado de infraestrutura digital.
Um levantamento do IBANET/Demarest aponta que o país deve receber cerca de R$ 258 bilhões em investimentos no setor até 2027, indicando a dimensão das operações em território nacional.
Especialistas destacam fatores como alta disponibilidade de energia renovável, localização estratégica e demanda por serviços digitais como os principais impulsionadores desse crescimento.
Diante desse cenário, o governo federal também adotou incentivos fiscais neste ano para atrair ainda mais investidores. Para o data center do TikTok, será utilizada energia 100% renovável, contribuindo para evitar o aumento da pegada de carbono.
Falta de profissionais é desafio no setor tecnológico
As projeções para o mercado de infraestrutura digital no Brasil são positivas, mas a formação de profissionais da área não acompanha o mesmo ritmo. Assim como ocorre globalmente, o setor enfrenta escassez de talentos.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), entre 2021 e 2025 houve um déficit superior a 500 mil vagas não preenchidas em tecnologia no país.
Outro estudo, da INTWIG Data Management, revela que 45% das empresas no mundo têm dificuldade para contratar profissionais de TI. Ao mesmo tempo, metade desses profissionais acredita que as condições de trabalho oferecidas não são ideais.
Nesse contexto, cresce a necessidade de investimentos de médio e longo prazo em capacitação, diante de uma demanda que deve continuar acelerada nos próximos anos.
Sustentabilidade deve ganhar espaço
A necessidade de associar desenvolvimento tecnológico à preservação ambiental se torna cada vez mais relevante. O mercado de tecnologia verde, por exemplo, deve crescer de US$ 21 bilhões em 2024 para US$ 105 bilhões em 2032 no cenário global.
O consumo de água é um dos principais pontos de atenção na construção de data centers, já que o recurso é essencial para o sistema de resfriamento. Com a expansão da inteligência artificial, esse gasto tem aumentado ainda mais.
Um e-mail de 100 palavras gerado por IA, por exemplo, consome em média 500 ml de água. Esse dado foi destaque em uma campanha recente da Hostinger sobre o impacto ambiental dos data centers.
A iniciativa da empresa, especializada em hospedagem de sites, buscou mostrar tanto o consumo de recursos quanto as alternativas para manter a evolução tecnológica sem comprometer o futuro. A própria Hostinger já opera com energia 100% renovável em sua infraestrutura digital.
Cenário para os próximos anos
O cenário aponta para a expansão tecnológica, acompanhada da necessidade de responsabilidade ambiental e qualificação de profissionais. O Brasil lidera na América Latina, mas o sucesso depende de ações conjuntas entre mercado e governo.
Segundo especialistas, é necessário reduzir a lacuna de talentos e garantir que o avanço da infraestrutura digital represente também progresso econômico e sustentabilidade. Nesse contexto, o TI Verde deve assumir papel estratégico para a inovação nos próximos anos.

