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Daria um “Oscar” de melhor filme para “U homi qui casô cua mula”, de Eduardo Brasil

Daria um “Oscar” de melhor filme para “U homi qui casô cua mula”, de Eduardo Brasil

Ali não havia nenhum ator de “Holiúde”, mas gente simples do lugar e do mesmo jeito em que vivem e vestem no dia a dia. Mais: sem nenhuma maquiagem, a não ser no caso do capeta.

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Direto da Redação

25-02-2023

09h:20

Alberto Sena*

Se fosse eu um dos jurados chamados a julgar o filme “U homi  qui casô cua mula”, do jornalista e radialista Eduardo Brasil, montes-clarino de cepa, em pleno Sertão do Norte de Minas, antes de qualquer coisa, teceria os maiores elogios à bela fita, que me deixou até meio atordoado de tanta originalidade.

Para causar logo o impacto que senti, digo com todas as letras, Eduardo Brasil simplesmente capturou a alma do sertanejo, acostumado com os rigores climáticos e de vegetação de Cerrado, terra vermelha, característica de Montes Claros e região, Alto Belo (Bocaiúva) palco do filme que toca fundo a alma dos que vieram do torrão norte-mineiro.

Sem dúvida alguma, o filme, intrinsicamente possui caráter universal.

Daria o meu voto para o filme principalmente pela originalidade. Ali não havia nenhum ator de “Holiúde”, mas gente simples do lugar e do mesmo jeito em que vivem e vestem no dia a dia. Mais: sem nenhuma maquiagem, a não ser no caso do capeta, que aparece em sonho para o Zé do Jegue, o homem que casou com a mula.

Este, assombroso, com uma capa vermelha, enorme própria dele mesmo, a única maquiagem que levou foi um batom vermelho que arranjaram ali na hora para lambuzar a cara dele.

Simplicidade, isto é o que Eduardo Brasil mostrou naquele filme. Para que complicar, se se pode ser o mais simples possível e dar ao telespectador um recado fulminante, no melhor sentido e estilo, que bate fundo no coração humano e faz com que viaje ao Inconsciente Coletivo para encontrar a simbologia do que as câmeras do cineasta captaram – a alma pura-impura sertaneja,

E com maestria, porque ali ele gastou o mínimo, em cinco dias de filmagens, mas contou com o máximo da boa vontade dos atores e do poeta, escritor, membro da Academia Montes-clarense de Letras, Téo Azevedo, que, na ocasião, lançou o “Léxido Catrumano” e o CD Canto do Cerrado, volumes 1 e 2.

Talvez, se o cineasta tivesse se utilizado de fundos para contratar atores profissionais, galãs e estrelas, o filme não teria sido tão verdadeiro, comovente, que de mim arrancou lágrimas e me fez arrepiar de emoção em momentos vários.

Em minha opinião, também simples, tanto quanto o filme, acho que não pode ficar restrito às exibições ocorridas em Montes Claros, São Francisco e aqui, na capital, no Cine Santa Tereza.

Acredito que a fita tem cheiro de prêmio nacional e internacional como consequências maiores.

Outra satisfação minha, com esse filme, foi vê-lo em um cine de rua, como nos tempos nem tão antigos assim, quando cada um se foi acabando, aqui por essas plagas, ocupados por grupos da religião evangélica.

“U homi qui casô cua mula” é uma prova cabal de que para conseguir produzir um filme atrativo como é o caso, só é preciso ter uma câmera na mão, um roteiro na cabeça e contar com gente simples, que não almeja fundos, mas mundos.

Vai, Eduardo Brasil, ser cineasta premiado aqui e no mundo; vai.

*Editor Geral.

Imagem da Galeria Zé do Jegue saiu com o seu animal inseparável em busca da mula para se casarDivulgação
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