Corte de árvore para proteger fios da Cemig explica mutilação de muitas delas em BH
Talvez fosse o caso de a Cemig e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente encontrarem uma maneira de agredir menos as árvores e resguardar a fiação de rua.
05-04-2023 - 18h:26
Bento Batista*
Os moradores do edifício Residencial Serra Verde, na Rua Professor Aníbal de Matos, no Bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte (MG) ouviram um som alto de motor, hoje de manhã. Um som parecido com o “podadeira” utilizada pelos operários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que, por aproximação, acaba com o mato, sem dispor de lâminas.
O barulho era de motosserra cortando a árvore em frente ao prédio, e num momento de maior movimento da rua que tornou-se uma via de grande fluxo de veículos vindos dos bairros Santa Lúcia e São Bento, que sobem pela Rua Deputado Álvaro Sales, entram na Rua Benjamim Flores e ganham a rua Professor Anibal de Matos, e logo alcançam a Savassi, estando o trânsito livre.
Mas hoje o percurso foi feito por um tempo maior porque o caminhão, com os homens que cortavam a árvore, ocupou a maior parte da rua e ainda colocaram os cones, por uma questão de segurança.
Da janela se podia ver em meio aos galhos da árvore uma ave assustada, sem entender o que afinal estava a acontecer. Não se podia divisar direito que tipo de ave era, podia ser um pombo ou uma rolinha, como podia ser também uma alma de gato, que já se tornou comum ver no cenário urbano, em árvores da arborização de rua.
Uma mulher saía da garagem do prédio e questionou um dos homens encarregados do corte da árvore:
- Por que não cortam o outro lado da árvore também?
Ao que o operário respondeu:
- Nós somos da Cemig e cortamos para proteger os fios.
A resposta do operário deu margem a uma reflexão. Até quando a Cemig vai continuar com essa fiação aérea? Já podia ser subterrânea e assim os seus operários deixariam de deformar as árvores para proteger os fios.
O que vemos na arborização da cidade são tantas árvores de copa defeituosa, quase se partindo ao meio, porque não foram podadas por quem entende de poda, mas de corte.
Não seria o caso de a Cemig se entender melhor com a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Belo Horizonte – e vice-versa – de modo a fazer um serviço com mais critério, tanto para proteger os fios, sem deformar as árvores, que mais dia menos dia desabam com as próximas chuvas?
Em tempo de mudança de mentalidade internacional, tendo em vista a trilogia ESG – Ambiente, Social, Governança -visando reduzir as mudanças climáticas, que nesta temporada já tivemos amostras, a Cemig devia rever esses estragos, se ainda não pode tornar subterrânea a fiação elétrica.