O James tem capacidade de captar luzes que o Hubble não tem. Isso, claro, limitou a tomada de informações sobre o início do Universo. Com o aumento da faixa de cobertura, é possível obter mais
27-12-2024 às 08h44
Anes Otrebla*
Acompanhe a conversa, entre muros, de duas comadres vizinhas:
- Você viu, menina, mandaram o James para o espaço?
- James? Quem é James?
- O James Webb, um telescópio mais potente do que o Hubble.
- É mesmo?! – reagiu a vizinha. E redarguiu: – Para quê mesmo?
- Você não está acompanhando? É o seguinte: o Hubble foi projetado pela Nasa norte-americana para cobrir o espaço até a uma distância de 300 milhões de anos, enquanto o James vai além, 600 milhões de anos. Ao custo de dez bilhões de dólares.
- Menina, estou de queixo caído! Mas o que isso vai significar afinal, no que vai dar?
- O James tem capacidade de captar luzes que o Hubble não tem. Isso, claro, limitou a tomada de informações sobre o início do Universo. Com o aumento da faixa de cobertura, é possível obter informações de modo a deslindar o que há de precioso nas luzes desses 600 milhões de anos.
- Hummm… – murmurou a comadre. E emendou: – Vai ser uma maravilha!
Ao que a outra continuou o papo: - A gente não sabe o que vem por aí. A cada dia surge uma novidade em meio à azáfama da Humanidade. Sou leiga no assunto, e o que estou falando, grosso modo, ouvi num vídeo sobre o lançamento do tal telescópio.
- Sim, mas é interessante – disse a comadre.
- Mais interessante e intrigante é o que poderá acontecer quando os cientistas conseguirem capturar as ondas gravitacionais.
- Sabe que não sei o que é isto?!
- São elas que sustentam o planeta Terra e demais corpos existentes no espaço, uma espécie de rede invisível na qual todos se apoiam. Isso foi previsto pelo físico Albert Einstein. Você olha o planeta redondinho, né? Parece estar solto no espaço. Não, não está. A tal rede que falei sustenta. São as ondas gravitacionais. Quando os cientistas captarem essas ondas, tudo vai mudar.
- Como assim vai mudar?
- Todo o “modus operandi” e o “modus vivendi” da Humanidade. Quem viver verá, inclusive com o surgimento de uma nova, mais eficiente e limpa matriz energética.
- Desculpe-me comadre, agradeço pelas informações, mas tenho de correr à cozinha senão o feijão vai estorricar no fogo.
*Escritor