20 de novembro, Dia da Consciência Negra no Brasil - créditos: Agência Brasil
20-11-2025 às 09h10
Samuel Arruda*
Hoje, 20 de novembro, o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra — uma data que ultrapassa a dimensão simbólica e se impõe como convite à reflexão, responsabilidade e ação. É um dia que nos convoca a encarar a história sem eufemismos e a reafirmar compromissos que, por vezes, parecem esquecidos na pressa do cotidiano.
No Brasil, país construído pelo trabalho forçado de milhões de pessoas escravizadas, ainda permanecem abertas feridas que o tempo não cicatriza por si só. Persistem desigualdades profundas que atravessam gerações; permanecem a violência racial, o apagamento de histórias, a exclusão de oportunidades e o racismo estrutural que insiste em reorganizar a sociedade segundo critérios injustos.
Por isso, o 20 de novembro não é apenas uma data de celebração — é uma data de consciência. Consciência da resistência negra, simbolizada em Zumbi dos Palmares e em tantos outros nomes que a historiografia oficial tentou silenciar. Consciência da luta que segue sendo travada todos os dias por milhões de brasileiros. Consciência da responsabilidade coletiva em reconstruir um país mais justo.
A memória de um jornal que nunca se acovardou
O Diário de Minas, desde sua fundação, foi um jornal que não temeu posicionar-se diante das grandes causas do país. Na segunda metade do século XIX, quando a defesa da abolição da escravatura ainda era vista por muitos como ousadia ou ameaça à ordem econômica, este jornal ergueu sua voz sem hesitações.
O Diário de Minas foi um dos veículos de imprensa que se colocaram firmemente ao lado da liberdade, denunciando as atrocidades do sistema escravagista e defendendo, com clareza moral, a inevitabilidade e a urgência da abolição. Foi uma posição que não agradou a todos — e justamente por isso foi tão necessária.
Hoje, quando olhamos para esse passado, reconhecemos que a coragem jornalística de então não era apenas uma postura editorial: era um compromisso ético com a dignidade humana.
O compromisso que continua
Neste 20 de novembro, reafirmamos que esse compromisso permanece vivo. A luta contra o racismo não se encerrou com a assinatura da Lei Áurea; ela se transforma, se complexifica e exige vigilância permanente.
Seguimos acreditando que o jornalismo não deve ser cúmplice do silêncio, mas instrumento da verdade. Que não deve se acomodar diante de injustiças, mas agir como farol crítico num país que ainda tateia para superar seu passado e construir um futuro mais equânime.
Celebrar a Consciência Negra é, portanto, olhar para trás com honestidade e para frente com coragem. É reconhecer a grandeza e a contribuição do povo negro na formação do Brasil. É recusar qualquer forma de discriminação. É reafirmar que igualdade não é um ideal distante: é uma tarefa diária.
Que este 20 de novembro nos inspire — como sociedade e como imprensa — a continuar lutando pelo país que podemos e merecemos ser. Um país onde a liberdade, tão defendida por este jornal em tempos difíceis, seja finalmente plena para todos
*Samuel Arruda é jornalista e articulista

