
Novo Líder da Igreja Católica é Escolhido. CRÉDITOS: Reprodução
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09-05-2025 às 09h10
Direto da Redação*
A tão aguardada fumaça branca surgiu da chaminé da Capela Sistina na tarde desta quinta-feira (8), indicando a escolha do novo papa no segundo dia de conclave. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito com ao menos 89 dos 133 votos — número que corresponde a dois terços dos cardeais eleitores — e assumirá o pontificado sob o nome de Leão XIV, sucedendo o papa Francisco na Cátedra de São Pedro.
Nascido em Chicago, Prevost, de 69 anos, faz história como o primeiro papa dos Estados Unidos e também o primeiro a vir de uma nação de maioria protestante. Apesar de sua origem, construiu boa parte de sua carreira religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde se destacou até ocupar posições de destaque na Cúria Romana.
Antes de ser eleito papa, Prevost exercia duas funções-chave no Vaticano: prefeito do Dicastério para os Bispos — responsável pelas nomeações episcopais — e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
Com um perfil reservado e de fala serena, Prevost evita os holofotes, mas é amplamente reconhecido como um reformista alinhado à visão mais aberta promovida por Francisco. É doutor em direito canônico, com sólida formação teológica, e entrou para a vida religiosa aos 22 anos. Estudou teologia na União Teológica Católica de Chicago e, aos 27, foi enviado a Roma para cursar direito canônico na Universidade de São Tomás de Aquino.
Ordenado padre em 1982, dois anos depois iniciou sua missão no Peru, atuando inicialmente em Piura e depois em Trujillo, onde permaneceu por uma década, inclusive durante o regime autoritário de Alberto Fujimori. Na época, chegou a exigir publicamente pedidos de desculpas pelas violações de direitos humanos cometidas no período.
Em 2014, foi nomeado administrador da Diocese de Chiclayo, onde foi ordenado bispo e permaneceu até 2023. Durante esse período, enfrentou a maior crise de sua trajetória: foi acusado por três mulheres de ter acobertado abusos sexuais cometidos por dois padres no Peru, quando ainda eram crianças. Segundo os relatos, Prevost foi informado informalmente em 2020 e recebeu as denúncias formais em 2022, encaminhando-as ao Vaticano. Um dos padres foi afastado preventivamente; o outro já não exercia funções por motivos de saúde. A diocese nega ter havido acobertamento e afirma que o agora papa seguiu os protocolos canônicos. O caso segue sob investigação do Vaticano.
Ao longo de sua trajetória, Prevost também integrou a Conferência Episcopal do Peru e foi nomeado para importantes órgãos da Santa Sé, como a Congregação para o Clero e a Congregação para os Bispos. Em 2023, foi elevado a cardeal — posto que ocupou por menos de dois anos antes de sua eleição papal, algo incomum nos tempos modernos.
Durante a internação do papa Francisco, foi Prevost quem liderou uma oração pública no Vaticano pela recuperação do pontífice, gesto que ganhou visibilidade e reforçou seu perfil conciliador e espiritual.
O conclave teve início na quarta-feira (7) com a participação de 133 cardeais — sete deles brasileiros. As três primeiras rodadas de votação, realizadas entre quarta à tarde e a manhã de quinta, resultaram em fumaça preta. A decisão veio na quarta rodada, por volta das 13h07 (horário de Brasília), quando finalmente a fumaça branca sinalizou ao mundo que a Igreja Católica tem um novo líder.