
O aumento nos custos também impacta setores como o agronegócio, a indústria e o comércio. CRÉDITOS: Reprodução
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18-06-2025 às 09h16
Direto da Redação*
A recente escalada do conflito entre Israel e Irã acende um alerta para a economia mundial, com reflexos diretos também no Brasil. O aumento das tensões no Oriente Médio já provoca alta nos preços internacionais do petróleo e gera instabilidade nos mercados, o que pode trazer impactos significativos ao cenário econômico brasileiro nos próximos meses.
Desde que os ataques entre os dois países começaram, o preço do barril de petróleo registrou elevação expressiva, ultrapassando 7% de aumento em poucos dias. A preocupação dos mercados gira em torno do risco de que o Irã, como uma possível retaliação, decida restringir o tráfego no Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de um terço do petróleo comercializado no mundo. Qualquer bloqueio nessa região eleva de forma imediata os custos do combustível globalmente.
Para o Brasil, isso representa uma cadeia de impactos. A alta do petróleo tende a se refletir diretamente nos preços dos combustíveis, como gasolina e diesel, afetando toda a logística e o transporte no país. Com isso, produtos de primeira necessidade, alimentos e mercadorias diversas podem ficar mais caros, pressionando ainda mais a inflação — que já vinha sendo um desafio para o governo e para o Banco Central.
O aumento nos custos também impacta setores como o agronegócio, a indústria e o comércio. O transporte brasileiro é altamente dependente de rodovias, o que torna o país ainda mais vulnerável à variação dos preços dos combustíveis. Além disso, o encarecimento do diesel influencia diretamente os custos de produção, transporte de insumos e escoamento da safra.
Nos mercados financeiros, o efeito também se faz sentir. O dólar tende a se valorizar em momentos de crise internacional, o que pode pressionar o câmbio no Brasil, tornando produtos importados mais caros e impactando setores que dependem de matéria-prima estrangeira. A B3, bolsa de valores brasileira, já sente o reflexo da aversão global ao risco, com investidores migrando para ativos considerados mais seguros, como ouro e dólar.
Outro ponto de atenção está no comércio exterior. O Brasil tem uma relação significativa com países do Oriente Médio, especialmente nas exportações de alimentos como carnes, milho e soja. Qualquer dificuldade nas rotas marítimas, especialmente no estreito de Ormuz, pode atrasar exportações, gerar aumento de custos logísticos e até reduzir a demanda por parte de países afetados pela crise.
Especialistas apontam que, se o conflito se prolongar, o Banco Central brasileiro pode ser forçado a rever sua política de redução dos juros. A pressão inflacionária decorrente do aumento dos combustíveis e dos custos de importação pode fazer com que a taxa Selic se mantenha elevada por mais tempo, freando o consumo e dificultando a retomada do crescimento econômico.
Apesar dos riscos, analistas destacam que o Brasil possui uma economia relativamente resiliente, com forte presença do agronegócio e de mercados internos robustos. No entanto, o governo federal e os setores produtivos estão atentos aos desdobramentos, avaliando medidas que possam mitigar os impactos econômicos dessa crise internacional.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que a equipe econômica acompanha de perto a situação, monitorando os efeitos sobre os preços internos e o câmbio, e não descarta a adoção de medidas emergenciais caso o cenário se agrave nas próximas semanas.