
Conheça a história de FESTIVALE - créditos: ALVA
31-07-2025 às 09h29
(*) Tadeu Martins
O FESTIVALE, Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha, idealizado pelo escritor e produtor cultural Tadeu Martins, é um encontro anual de todas as áreas do fazer cultural do Vale, que acontece no mês de julho, cada ano em uma das 80 cidades da região. Tem uma semana de duração e é um verdadeiro mergulho na cultura do Jequitinhonha, hoje já reconhecido como um dos mais importantes eventos de cultura popular do Brasil. O FESTIVALE gerou muitos filhos ilustres, como Paulinho Pedra Azul, Rubinho do Vale, Saulo Laranjeira, Tadeu Franco e mais de uma centena de artistas.
Em 16 de março de 1978 quatro filhos do Vale do Jequitinhonha, universitários em Belo Horizonte, lançaram o Jornal Geraes, para dar voz e vez ao povo da região. Um jornal que mostrava o povo do Vale e a sua luta por melhores condições de vida, um marco na luta contra a ditadura militar. Aurélio Silby (Santana), Carlos Castilin (Itaobim), George Abner (Pedra Azul) e Tadeu Martins (Itaobim) percorreram o Vale, ajudando a criar muitas instituições em defesa da região: sindicatos, associações, centros culturais, casas de cultura, entre outras. O Jornal Geraes criou o
Procurados, o Procurados foi o ponto de partida para criar o Festivale.
É Tadeu Martins quem nos fala:
“Em 03 de novembro de 1979, com apoio da Codevale e da Prefeitura Municipal de Itaobim, realizamos naquela cidade o “I Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha” ou simplesmente “Procurados”. Eu apresentava o evento e, movido pela emoção e pela alegria e energia do público que superlotava o Mercado Municipal de Itaobim, e embalado pela lembrança dos festivais de Teófilo Otoni e Itambacuri, eu anunciei que em julho de 1980 estaríamos realizando, ali naquele Mercado, o I Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha, apesar de não ter discutido com os companheiros do Jornal Geraes. Mas eu sabia que não corria nenhum risco em anunciar a criação de um festival, pois tinha certeza de que Aurélio, Carlos Castilin e George, bem como todos da nossa equipe estavam, tanto quanto eu e todo o público, querendo perpetuar aquele momento que vivíamos. Descobrimos ali que a música era um caminho a trilhar para ajudar na organização política do Vale do Jequitinhonha.
Voltando a Belo Horizonte, escrevi o esboço do projeto do Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha, que foi aprovado por todos, como eu planejara: aconteceria todos os anos, no mês de julho, na cidade de Itaobim, a minha terra natal. Seria um encontro da música, artesanato e folclore, que eram então os três ícones da nossa cultura.
Hoje o Festivale está consolidado e parece óbvio, mas de onde veio mesmo o nome do evento?
No início do ano de 1980, estávamos reunidos na minha residência, o apartamento 1309 do edifício Maleta, montando o cartaz do I Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha. Aurélio, George, João Lefú, Rubinho do Vale, Carlos Figueiredo, eu e outros amigos, distribuímos em uma folha de cartolina duas fotos de personagens de grupos folclóricos do Vale, sob o título Festival da Canção Popular do Vale do Jequitinhonha. Quando o Charles, flautista do Grupo Terrasol, viu as fotos, sugeriu: “eu acho que vocês deviam tirar Festival da Canção do Vale do Jequitinhonha e colocar o nome de FESTIVALE, fica mais bonito”. O nome sugerido pelo Charles foi aceito.
Com o nome Festivale eu acrescentei um slogan que definia o nosso objetivo: “FESTIVALE – A VIDA DO VALE EM VERSO E VIOLA”.
Assim nos dias 25, 26 e 27 de julho de julho, nascia em Itaobim, o que viria a ser o maior evento de toda a história do Vale do Jequitinhonha. Depois do sucesso do 1º Festivale, o companheiro Aurélio teve a brilhante ideia de não fixar o evento em Itaobim, como eu propunha, mas fazer cada ano em uma cidade diferente.
A nossa proposta era criar um evento que reunisse os músicos, artesãos, poetas, grupos folclóricos e pessoas do Vale que militavam em causas sociais, principalmente as que queriam derrubar a ditadura militar, com pessoas de outras cidades de Minas Gerais e de outros estados, para que todos se conhecessem e que juntos pudessem conhecer a riqueza cultural do nosso Vale do Jequitinhonha.
A ideia central era fazer o povo Conhecer o Vale do Jequitinhonha, pois acreditamos que só quem conhece é capaz de Gostar. Fazer o povo Gostar do Vale do Jequitinhonha, pois só quem gosta é capaz de Defender. Fazer o povo Defender o Vale do Jequitinhonha, pois só quem defende é capaz de divulgar. E a partir do Festivale, fazer o povo Divulgar o Vale. Só quem divulga porque defende, gosta e conhece, é capaz de contribuir para o desenvolvimento. Até hoje é o caminho do Festivale: ajudar a formar pessoas que acreditem que Conhecer, Gostar, Defender e Divulgar, são os quatro elos da Corrente do Desenvolvimento.”
ROTEIRO DO FESTIVALE
ORDEM | ANO | CIDADE |
1 | 1980 | Itaobim |
2 | 1981 | Pedra Azul |
3 | 1982 | Itaobim |
4 | 1983 | Minas Novas |
5 | 1984 | Araçuaí |
6 | 1985 | Salinas |
7 | 1986 | Almenara |
8 | 1987 | Serro |
9 | 1988 | Virgem da Lapa |
10 | 1989 | Rubim |
11 | 1990 | Diamantina |
12 | 1991 | Jequitinhonha |
13 | 1992 | Bocaiúva |
14 | 1993 | Minas Novas |
15 | 1994 | Salto da Divisa |
16 | 1995 | Carbonita |
17 | 1996 | Jequitinhonha |
18 | 1998 | Itinga |
19 | 1999 | Jordânia |
20 | 2000 | Bocaiúva |
21 | 2002 | Pedra Azul |
22 | 2003 | Medina |
23 | 2004 | Salinas |
24 | 2006 | Araçuaí |
25 | 2007 | Joaíma |
26 | 2008 | Capelinha |
27 | 2009 | Grão Mogol |
28 | 2010 | Padre Paraíso |
29 | 2011 | Jequitinhonha |
30 | 2013 | Medina |
31 | 2014 | Araçuaí |
32 | 2015 | Salto da Divisa |
33 | 2016 | Jequitinhonha |
34 | 2017 | Felício dos Santos |
35 | 2018 | Felisburgo |
36 | 2019 | Belmonte (BA) |
36 Ed. Especial | Janeiro/2020 | Serro |
37 | 2022 | Itamarandiba |
38 | 2023 | Itaobim |
39 | 2024 | Couto Magalhães de Minas |
40 | 2025 | Diamantina |
O FESTIVALE já aconteceu em 26 cidades do Vale do Jequitinhonha, sendo que algumas cidades receberam mais de uma edição:
Jequitinhonha – 4 edições (1991, 1996, 2011, 2016)
Araçuaí – 3 edições (1984, 2006, 2014)
Itaobim – 3 edições (1980, 1982, 2023)
Bocaiuva – 2 edições (1992, 2000)
Medina – 2 edições (2003, 2013)
Minas Novas – 2 edições (1983, 1993)
Pedra Azul – 2 edições (1981, 2002)
Salinas – 2 edições (1985, 2004)
Salto da Divisa – 2 edições (1994, 2015)
Serro – 2 edições (1987, 2020)
E agora, 35 anos depois, Diamantina sediará o seu segundo Festivale.
De 27 de julho a 02 de agosto de 2025, Diamantina espera por você!
(*)Tadeu Martins é escritor e presidente da ALVA – Academia de Letras do Vale do Jequitinhonha e um dos principais fundadores do FESTIVALE