Com 22 mercados ou sacolões sendo abertos todo dia no Brasil e com preços baixos, acessíveis a todos os consumidores, dentro do espírito de matar a fome, não só com arroz e feijão, mas todos os complementos
23-11-2024 às 08h28
Alberto Sena Batista
Quando a gente ouve ou lê uma manchete como a do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que vai doar US$ 25 bilhões para o programa de combate a fome e a pobreza no mundo, a gente se enche de esperança e torce para que essa atitude sirva de estímulo para outros fazerem a mesma coisa.
Uma notícia dessa leva à reflexão e comparação contra o que serviu de mote para um texto recentemente publicado neste espaço: 22 farmácias são abertas por dia no Brasil. Isto é o maior sinal de que boa parte da população brasileira passa fome, muitos porque não têm o que comer e outros porque têm e não sabem comer.
Então, voltando ao programa de combate à fome, seria agora a grande oportunidade de, ao invés de 22 farmácias por dia, o Brasil abrir 22 mercados novos ou sacolões para alimentar bem a população com frutas, legumes e verduras, principalmente, e economizar o que se gasta com consultas médicas e hospitais.
Imaginemos, pois, com 22 mercados ou sacolões sendo abertos todo dia no Brasil e com preços baixos, acessíveis aos consumidores de modo geral, dentro do espírito de matar verdadeiramente a fome, não só com arroz e feijão, mas todos os complementos necessários, posso assegurar o número de farmácias não seria tão elevado.
Porque como já foi dito neste espaço, os remédios verdadeiros não estão nas farmácias. Frutas, legumes e verduras não têm contraindicações nem efeitos colaterais nocivos. Ao contrário – e quem duvidar, faça a experiência – passe a buscar no mercado e nos sacolões o que o leva à farmácia.
O programa de combate a fome vem no momento certo, porque os males das mudanças climáticas são em primeiro lugar provocados pelos mais ricos, que, por deterem mais renda nesse regime capitalista, se não resolverem dar do bolso deles condições de sanar os problemas por eles criados, daqui a pouco não haverá quem consuma os seus produtos.
Ademais, é necessário que isso fique bem introjetado no coração e na cabeça das pessoas que, pobres ou ricas, terão um dia o mesmo fim e que de nada vai adiantar os endinheirados terem posses, porque até hoje ninguém inventou caixão com gavetas.
Seria de bom alvitre que os ricos deixassem de lado a hipocrisia para participar desse movimento mundial, até mesmo em defesa própria, porque como me disse um sociólogo argentino, em entrevista, “se a riqueza não vai à pobreza, a pobreza vai à riqueza”. E a realidade dos nossos dias comprova o dizer dele, emitido na década de 1980.