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08-10-2025 às 10h02
Direto da Redação*
As vendas do comércio voltadas para o Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, devem movimentar R$ 9,96 bilhões neste ano, um avanço de 1,1% em relação a 2024, segundo projeção divulgada no inicio de Outubro pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Caso o resultado se confirme, será o melhor desempenho da data em mais de uma década, atrás apenas de 2014, quando o volume real de vendas atingiu R$ 10,5 bilhões.
A data permanece como a terceira mais importante para o varejo nacional, ficando atrás apenas do Natal
(R$ 72,8 bilhões em 2024) e do Dia das Mães (R$ 14,5 bilhões em 2025).
Setores mais aquecidos
O setor de vestuário e calçados deve liderar as vendas, representando 27% do total esperado, ou R$ 2,71 bilhões. Em seguida vêm eletroeletrônicos e brinquedos (R$ 2,66 bilhões), farmácias e perfumarias (R$ 2,15 bilhões), móveis e eletrodomésticos (R$ 1,29 bilhão), hiper e supermercados (R$ 690 milhões) e outros segmentos (R$ 45 milhões).
Juros e inflação freiam o consumo
Apesar do crescimento, o avanço poderia ser mais expressivo não fosse o cenário de juros elevados e inflação persistente, avalia o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
“A inflação ainda não está onde queremos, e os juros, justamente por isso, continuam em um patamar muito elevado. Essa combinação explica por que as vendas não vão acelerar este ano, mesmo com o mercado de trabalho aquecido”, afirma.
Com a taxa Selic mantida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o crédito segue caro. Segundo o Banco Central, a taxa média de juros ao consumidor chegou a 57,65% ao ano em julho, o maior nível para o mês desde 2017.
Essa realidade tem impacto direto sobre o consumo parcelado e o endividamento das famílias. O levantamento da CNC aponta que 30,4% dos lares brasileiros tinham contas em atraso, o maior índice desde o início da série histórica da Peic, em 2010.
“Com o crédito mais caro, o consumidor precisa escolher: vai parcelar o brinquedo ou pagar o cartão? Esse dilema afeta principalmente os comerciantes que dependem de vendas financiadas”, explica Bentes.
Comércio acumula retração
Além dos juros altos, o comércio ainda enfrenta quatro meses consecutivos de queda nas vendas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tendência reflete a cautela das famílias e o enfraquecimento do consumo em segmentos não essenciais.
Inflação dos produtos infantis supera índice geral
O levantamento da CNC também mostra que os itens típicos do Dia das Crianças ficaram, em média, 8,5% mais caros em 2025, aumento superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período.
Entre os produtos com maiores altas, destacam-se:
- Chocolates: +24,7%
- Doces: +13,9%
- Lanches: +10,9%
- Cinema, teatro e concertos: +10,3%
O economista explica que parte dessa pressão inflacionária vem de fatores externos, como a alta do cacau, principal insumo do chocolate.
“O preço do cacau é definido no mercado internacional. Quando há choques de oferta, o impacto chega rapidamente ao consumidor brasileiro. Por isso, vale pesquisar antes de comprar”, orienta Bentes.
Já os brinquedos (4,1%) e as roupas infantis (3,3%), que lideram as vendas da data, devem registrar inflação abaixo da média geral, segundo a CNC.