
Operadores da Marinha qualificados no Reator IEA-R1 do IPEN. Créditos: Reprodução
04-09-2025 às 10h50
Direto da Redação*
As boas notícias precisam ter asas para voarem ao mais longe possível, como é o caso em tela do reator nuclear de pesquisa IEA-R1, que a Marinha Brasileira divulga ter retomado operação em regime contínuo. Essa retomada é por demais benfazeja porque torna possível a produção de amostras de Lutécio-177.
E para que serve o Lutécio-177, o leitor há que perguntar e o Diário de Minas responde com a maior satisfação porque essa substância ao ser marcada com moléculas do tipo Antígeno de Membrana Específico da Próstata (PSMA)), torna-se em radiofármaco considerado de alta precisão contra tumores neuroendócrinos e câncer de próstata.
O IEA-R1 estava paralisado há mais de uma década, e segundo as notícias, que precisam ser amplamente divulgadas, tendo em vista a sua carga positiva, a chamada operação contínua do reator representa avanço com o aditivo da autonomia científica brasileira. O domínio desse processo reduz a dependência do País de importações. Futuramente, vai atender parte significativa da nossa demanda por radiofármacos.
O Brasil emprega milhões de dólares anualmente na importação de radioisótopos como o Molibdênio-99, Iodo-131 e Lutécio-177. E a economia será significativa, proporcionará ampliar o acesso da população, que assim receberá tratamentos de ponta em matéria de medicina nuclear.
Só para se ter uma ideia, às pessoas em tratamento de câncer serão atendidas com mais presteza e garantia de maior disponibilidade de radiofármacos, o que repercute no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na oferta de terapias avançadas. Sem falar na abertura de portas para as pesquisas clínicas inovadoras e o desenvolvimento de novos protocolos médicos no Brasil.
É importante salientar que tudo isso faz parte do Acordo de Parceria para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, assinado com o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e o IPEN/CNEN. As metas não se limitam à produção de radioisótopos, vão chegar à capacitação de operadores nucleares, essenciais para criação do futuro Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).
Mas dezenas de militares da Marinha já se formaram dentro dessa meta, com 100% de aprovação nos processos de licenciamento da CNEN, uma garantia do oferecimento de equipes aptas para operar em turnos contínuos.
Ao final, é importante destacar essa sinergia entre civis e militares em busca da preservação do conhecimento nuclear, com gerações de profissionais especialistas, o que redundará na consolidação da soberania científica e tecnológica do País.