Cartas a Lula 32 – Ventos da ignorância. Resta saber para onde os ventos vão
Seu governo tão em princípio, se deu ao cuidado e se permitiu ser responsável em conhecer pelo menos o imenso tabuleiro que compõe a região amazônica?
01-07-2023 - 09h:30
José Altino Machado*
Realidades de setembro de 2019 Lula, quando ouvido em uma sessão pública no Supremo Tribunal Federal, por ministro daquela casa. Responsavelmente, o magistrado fez questão que tal audiência trouxesse oportunidade a diferentes opiniões na apresentação das razões. O assunto envolvido, como sempre dinheiro escudado no clima/tempo e alojado em fundão financeiro a ser liberado para região amazônica
Contrapondo a imparcialidade daquele juiz de Supremo, o que se pode notar ao ouvir alguns depoentes é que deslavadamente mentiam exibindo números que jamais existiram e eles próprios sequer esclareciam onde teriam adquirido o saber de tal numerologia. Ouviram-se cada besteira e asneira parecendo até que se estava discutindo um futebol popular como esporte de várzea. Ninguém teve preocupação em apresentar estudo sério, consagrado e verdadeiramente conhecido dentro da realidade não só amazônica, mas nacional e olha Lula, lá estavam presentes os mais ilustres membros dos três grandes bancos do país. A maior surpresa é que tentavam vender utopias e sonhos de seus dirigentes sem nenhuma consistência. Acho mesmo que os únicos números aos quais se realizam é do dinheiro, ao resto tocam na aventura.
Também presentes por lá compareceram algumas ONG’S e vou te contar Lula, nem sei por que inventam tanta bobagem assim lá no meio dos infernos. Não dão a mínima se aquele besteirol venha a prejudicar alguém ou a muitos, querem mesmo a proximidade do tal fundão.
E falando neles, é incrível como uma delas se atreveu a estar presente àquela casa de Suprema Corte, para participar das decisões de um dos seus membros, palpitando em mercados e riquezas de seus totais desconhecimentos. Torna se difícil entender não só a participação deles, mas até tais aparições, porque em boa maioria são eles sucessores e herdeiros de pioneiros construtores de fortunas. Gentes que jamais conheceram frutos de seu próprio trabalho; a herança lhes caiu no colo. E para agravar Lula, alguns dão cobertura a enxeridas organizações estrangeiras, que mais que preservação de algo em nosso país, buscam mesmo preservar domínio na economia e riqueza a seus próprios países.
Menciono isso a você porque naquela ocasião não busquei impor minhas conhecidas razoes, não busquei convencer com acerto e ou experiencias vividas no território amazônico, mas claramente coloquei àquele ministro que o assunto era de uma relevância tão grande que para aquele nível onde tratávamos o assunto, (STF), deveríamos antes, proceder a um conhecimento maior daquilo do que se pretendia a ser resolvido. Teríamos que saber quantificar a sociedade ocupante, suas atividades, escolaridades, independências ou dependências, chegando até as carências.
Difícil entender em tais casos, originados na capital federal, inclusive naquele lugar em que estávamos, que uma simples caneta e papel com assinatura que muitas vezes ninguém consegue nem ler, mude a vida e o viver de uma grande porção do território nacional que lá está, com vinte e nove milhões (29.000.000) de habitantes.
Assim Lula chegando onde quero, deixe lhe expor algo iniciando por uma indagação:
Seu governo tão em princípio, se deu ao cuidado e se permitiu ser responsável em conhecer pelo menos o imenso tabuleiro que compõe a região amazônica?
Houve preocupação com a possibilidade que as agressivas ações em cuidar do meio ambiente natural pudessem estar destruindo irrecuperavelmente o meio ambiente social naquela região?
E por fim, Lula pelo menos procuraram saber por que em menos de vinte e cinco anos a população amazônica saltou de 18 milhões para 29?
Procuraram saber para este mesmo período, qual foi a dimensão, avanço e retorno econômicos das aberturas na Amazônia com a chegada proporcionada não só pela agricultura, mas também pela pecuária?
Acho que não Lula, vocês não fizeram isso. A preocupação ficou toda em cima do sistema mineral desenvolvido na região de interesse externo maior e lambuzado de vaidades internas. Querem saber mais, vocês não sabem nem quantos dependentes deles são, a extensão geográfica da atividade, ocupação e trabalho e/ou importância ao meio circulante. Falam demais em índios, mas sequer sabem quantos existem no país, e muito menos na Amazônia. Vão dando pancadas às cegas...
Inseguros, temos notado, é que você não desce dessa porra de avião “fabiano”, que pensa ser 0800, mas não é. Passa por cima de todo mundo como o todo poderoso, tornando pleno um desconhecimento de realidades que sequer imagina existir. Preferia o Lula lá de trás, que como candidato de primeiras vezes foi percorrer a Amazônia levando ao braço um amigo cantador bem mineiro.
Volte a viajar Lula, e ande a pé, perdendo medo de ser vaiado. Vá de carro aberto meio ao povo, você vai poder notar que não tem cidade brasileira que não esteja infestada de moradores de rua, gente carente mesmo e que não deve votar, porque você também não se interessa por elas. Lógico que eles não chegam a somar os 100 milhões de famintos da sua ministra e nem os 35 milhões seus, mas é gente demais. São aqueles que dada a impossibilidade de migrar ao exterior, Portugal do nosso outro ministro supremo, Estados Unidos da minha Minas Gerais ou para Amazônia se deixam quedar rendidos a sorte. Porém, outros milhões deles se dirigiram a Amazônia como última fronteira. E seu governo, levado por interesses externos, e vaidades internas, tal qual besta malvada, sai em perseguição a eles se como se nacionais não fossem.
Amazônia, Lula, tem gente de todo o Brasil. Parece notável, mas formam grupinhos de cada paragem diferente. Você pernambucano foi para São Paulo e Brasília, mas, outros de lá para a Amazônia, encarar trabalho duro. Lá, só não tem gente de um determinado estado brasileiro, mas toda vez que falo o nome do estado, o povo daquele lugar estraga com a memória da minha mãe, xinga ela toda. Em seu ouvido conto depois...
E esse povo caro Lula, forma a mais formidável frente de trabalho que esse país ainda tem, é a extrativista e conquistadores ocupantes do interior da região amazônica. Seus labores, alternativas econômicas àquele lugar, faz existir progresso e conhecimento maior dos valores do torrão brasileiro. Sem eles, um tremendo vazio de nenhuma utilidade humana.
Algo bom e interessante para que um presidente do nosso país venha a fazer. E você pode pegar um carro bom, não precisando ser o Rolls- Royce da presidência, podendo ser uma cabine dupla, Hillux, ou Ranger, cair na estrada como o fazia quando procurava votos.
De Brasília, atravesse Goiás a fora, chegue a Cuiabá pegue a esburacada 163, uma das vias de pista única mais movimentada do Brasil e que é responsável de levar a portos graneleiros recordistas, boas partes da produção nacional. Através dela, chegará às margens do Rio Amazonas no Pará.
Rapaz, você vai conhecer um país e um povo trabalhador como você nunca pensou existir em nossa Nação. Lugares onde realmente nunca dão espaço a quem não trabalha e produz e são orgulhosos do que fazem.
Por fim, foi mandando executar uma missão contra “criminosos” que buscavam riquezas nos fundos dos rios junto às fronteiras Peru/Colômbia/Bolívia.
Eficientes operações estas, se contra o narcotráfico, este estaria erradicado.
A extensão de prazos à Zona Franca no Amazonas resultou em despovoamento do interior daquele Estado e agora não satisfeitos, seus gestores os trazem às ruas de cidades em escala amazônica.
A arrogância tangida por ventos da ignorância torna-se cruel, ainda mais soprados pelo Estado.
Macapá, 01/07/2023
*Jose Altino Machado é jornalista