
Pressão política da oposição e da situação leva Lupi a pedir demissão da Previdência - divulgação
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02-05-2025 às 18h00
Direto da redação
O Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, anunciou sua saída do cargo nesta sexta-feira (2), em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão ocorre após semanas de pressão interna e crise de imagem provocada pelas denúncias de fraudes em aposentadorias e pensões administradas pelo INSS. A situação levou até mesmo membros do PDT, partido de Lupi, a considerarem sua permanência insustentável .
A saída do ministro foi articulada diretamente pelo Planalto, com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), incumbida de negociar com a direção do PDT os termos da substituição. As conversas evoluíram nos bastidores e nos eventos do Dia do Trabalhador, na última quinta-feira (1º), indicando um acordo pacificado dentro da legenda.
O governo sinalizou que a pasta continuará sob comando do PDT, e dois nomes já surgem como cotados para o posto: o deputado federal André Figueiredo (CE) e o ex-deputado Wolney Queiroz (PE), que atualmente ocupa o cargo de secretário-executivo do ministério.
Crise e desgaste político
A decisão de afastar Carlos Lupi ganhou força após o escândalo revelado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, que identificaram descontos fraudulentos aplicados a milhões de aposentados por entidades conveniadas ao INSS. O prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024. Além disso, o Planalto avalia que Lupi manteve figuras da gestão anterior em posições estratégicas, o que teria dificultado a implementação de um “choque de gestão” necessário para recuperar a imagem da Previdência. A permanência do ministro passou a ser vista como incompatível com a reestruturação que Lula pretende imprimir ao setor.
Divisões no PDT
Apesar da saída articulada, a decisão expôs divisões internas no PDT. Uma ala da sigla — próxima a Ciro Gomes — defende que o partido aproveite a crise para romper de vez com o governo Lula. Ciro, que disputou a presidência em 2022 e se recusou a apoiar o petista no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL), é um dos principais críticos do governo dentro do campo progressista.
Já outra ala, mais pragmática, defende a permanência na base governista e aposta na substituição de Lupi como forma de preservar espaço político e influência institucional.
No Planalto, a leitura é de que a demissão do ministro não representa uma ruptura com o PDT, mas sim um gesto para recuperar a credibilidade da Previdência e evitar que a crise se agrave com a instalação da CPI no Congresso.
Leia a íntegra da carta de demissão de Lupi:
“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade. Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula.”