19-01-2025 “as 08h18
José Altino Machado*
Ainda esta semana sepultei minha companheira de longevos 28 anos. Bem dizer, uma geração…
Nova, muito nova, bem diferente de mim, até chamado de idoso, não só pelo Estado e leis, como pelos amigos e conhecidos em geral. Nem tão velho. Usado, talvez e de alta quilometragem. Apenas diferente de muitos, com altíssimas distâncias percorridas em terras, rios e ares.
E grande parte desses espaços na vida passados, foi em companhia dessa mulher que agora se foi.
Nossa adaptação, a um e outro, foi tumultuada, e como!!! Em nenhum momento, com dores se tornando rancores, raivas ou guardados quaisquer desgostos.
Afinal eu chegava aos 55 e ela saindo dos dezenove anos para os vinte. Nunca voara em aviões, pelo menos pequenos. Em Governador Valadares, nosso berço natal, ao subir a um comigo, ao voltarmos do Nortão, como ela dizia, em menos de dois meses, pouco faltava para chegar a cem horas voadas.
Nunca projetáramos, então, vida em comum. Apenas, um belo dia ao buscá-la em casa para sairmos, ela com voz sussurrante, me disse:
“Estou gravida”.
Nem assustei. Afinal, era de se esperar, pois mantínhamos uma relação fogosa. Não fantasiosa, para efeitos midiáticos, como apregoa manter nosso Presidente, mas verdadeira, pura e com o suor do amor ao prazer.
Não sou e nunca fui a favor do aborto, assim como jamais fui contra ele. Tão somente o acredito ser exclusiva da mulher a decisão que se tornará mãe ou não.
Com honestidade, somente respondi, minha vida é instável como os bichos da Amazonia, hora lá, hora cá. Sempre a correr atrás de saber se os morros à frente são mais azuis. Não busco nem caço fortunas, mas é prazeroso e venturoso procurá-las.
– Então, quanto a prosperar esta gravidez, a decisão é somente sua e de mais ninguém. Seja ela qual for estarei presente, sem recriminações ou contrariedades. Porém, acredito que por aqui nunca poderei ficar arranchado. O apelo de minha vida já vivida é muito forte. Você decide.
O que ela decidiu está comigo até hoje: minha filha Duda…
Bem verdade, que somente apenas quando nasceu, minha mulher, criança ao colo, entrou em uma casa que seria sua morada. Ao levá-la ela perguntou pedindo, “você fica comigo”? Sensibilizado, por isso, disse, fico, mas pouco, até a bebê endurecer mais, está bom?
Pois é, até dias presentes, 26 anos passados, estava eu a seu lado esperando Duda endurecer e ainda achando tempo para termos mais um, aquele que me ampara, o Marco Túlio.
2023, ano que findava, novembro, Soraya, este seu nome, apresentava febres e dores, logo ela, que nem cáries tivera. Eu com uma braba Covid, internado em hospital do Einstein em Goiânia. Ela por dias em cama a meu lado e, num deles, proporcionando uma noite de amor, nada teve. Então esta maravilhosa resistência me fez pensar, dengue ou Chikungunya.
E ela, “hospital não vou, vai que eles me seguram lá…”
Não teve jeito. Virada de ano, 2024, janeiro 02, hospital, diagnóstico terrível:
Câncer, adenocarcinoma. Já com lesões, disseram os doutores.
Seu aniversário, 09 de janeiro, 46 anos, comemorado no leito hospitalar, dava início e começo a verdadeiro calvário.
Opiniões as mais diversas e de muitos diferentes lugares. Até que uma velha raposa da oncologia, nos disse:
“Voltem para casa, em sua cidade vocês tem um bom centro para tratamento oncológico”.
Completando afirmou:
“Isto é igual receita de bolo, igual em todos os lugares”.
Havíamos procurado em todos os cantos, até por recomendações de respeitados amigos venezuelanos, a embaixada da Rússia que anunciara descoberta a derrotar o mal. Estes, pouco demorados, tudo disponibilizou. Resistência e tempo não mais haviam mais.
Bem, a história é igual a muitas. Não fora a existência de uma paixão de companhia que já era uma reconhecida lenda por todos e tantos lugares que passáramos.
Numa manhã dessa mesma semana, um senhor doutor me chama ao hospital. Sem preocupação a ele, imediatamente avoquei meus dois filhos:
– Vamos que estou certo de que querem sedar a mãe de vocês. E era…
Lá chegando, pedi que esperassem, até sem falar com o doutor. Pouquíssimo ou nada falando, ela atendeu aos amorosos apelos, abraçando a eles e, finalmente, a mim que, após o demorado abraço, agraciou, com últimas possíveis palavras de “eu te amo”, dando-me conforto.
Com autorização familiar, iniciando o entardecer, processaram a sedação. E lá, ela permaneceu com sua “mãe”, Zenilda, por ela há anos adotada, a Preta para os íntimos.
No dia seguinte, acordei agitado chamando Marco.
– Vamos filho, algo está acontecendo.
Lá chegando, a imaginando estar sob o efeito da morfina, segurando firme sua cabeça chamei
“Amor, abra os olhos para me ver. Cheguei”.
Ela os entreabriu, me olhou, suspirou e morreu.
Foi assim.
Recebi não dúzias, mas centenas de mensagens lamentando sua passagem. Para onde, sequer discuto ou cogito…
Em sua grande maioria, todos atribuem a uma vontade de Deus. Outros que Deus a chamara. Alguns que seriam desígnios de Deus e tantos que uma folha de uma árvore nunca cai, contra a vontade Dele.
Hoje, entendo isto, a conforto íntimo da humanidade, a justificar as idiotas maldades que fazem a si próprio, fazendo assumir uma verdade diferente. Assim vejo, sem culpar com discordâncias, aos generosos amigos.
Deus, apenas nos criou e nos fez, mas em momento algum se tornou escravizado a nós para tais desígnios. Ele não chama e não tira a vida de ninguém, muito até pelo contrário.
Esta sua criação, as apocalípticas bestas chamadas de humanas, sim, estas são paradoxalmente cruéis à própria criação Divina.
Como explicar a capacidade, em imitando o criador, de inventarem uma tal de inteligência artificial, que em segundos sabe de tudo e se não souber, inventa.
Sou um em 9 (nove) bilhões de pessoas no planeta. Posto meu nome a um merda de telefone, nem três segundos, disserta sobre minha vida e até mente.
Inventaram foguete que dá ré. Remédios anticonceptivos, outro que dá tesão, (todos tirados aos índios brasileiros). Suas novas armas, conseguem matar mais que toda uma segunda guerra mundial conseguiu. Seus aviões agora são tidos por gerações, indo de Santos Dumont à quinta geração, como são chamados.
E incrivelmente, não conseguiram ou não o quiseram, como hoje entendo, descobrir, uma ferramenta útil e eficiente para conter, extirpar e acabar com este mal que é o Câncer.
Procurei em todo este ano passado ao lado de minha companheira, ler e entender esta doença, sua resistência ao trato e porque não seu custo à sociedade. Fiquei horrorizado…
Em ano, eficazes anticonceptivos, quase 60 bilhões de dólares. Enganadores, mas…estimulantes aos brochas masculinos, quase 50 bilhões de dólares.
O Câncer, tardiamente descoberto, e seu inútil combate, mais de 600 bilhões de dólares mundo afora… sem nenhuma garantia de ser eficaz. O que prova ser a doença, um lucro de muita gente, que ganha com a tristeza e sofrimento dos outros.
Por sinal, por acá, apareceram e aplicaram uma ampola, dita milagrosa, dizendo, só a alguns fazer efeito, que custa 52.000 reais e a cada 21 dias deve-se precisar de uma. E mais, não podem vendê-la a particulares. Acredito haver uma ambiciosa pirâmide a participar do botim.
Tudo neste Brasil, neste governo, tolerante ao crime, ao tráfico de drogas e que diz procurar acabar com fila de ossos…
Deus não é mau, aqueles com origens nos mercadores espantados por Cristo e beneficiados com inteligência, que o são…
O verdadeiro CÂNCER da humanidade é a ambição do homem.
*José Altino Machado é jornalista
Belo Horizonte/Macapá
Nota de família: Como melhor contribuição de nossa parte, com nossa experiencia deixamos aos outros:
“Não procurem o melhor dos amores e nem os prazeres do sexo. Não procurem uma boa esposa e ou sequer uma boa dona de casa. Busquem sim, por possível melhor companheira/o. Quando companheiros, nenhuma fatalidade, acaso ou dificuldade, conseguirá separá-los.”