Começa novo desenho geopolítico e econômico entre os países com protagonismo em áreas estratégicas - créditos: divulgação
29-10-2025 às 16h00
Marcelo Castro*
Nos últimos cinquenta anos, o Brasil passou por uma grande transformação na agricultura, tornando-se um dos principais produtores de alimentos e um ator importante na economia global. Essa mudança começou no período após a Segunda Guerra Mundial, quando o mundo vivia um momento de caos, mas também de novas oportunidades que poucos países conseguiram aproveitar.
Na reconstrução global, blocos econômicos e recursos financeiros, como o Plano Marshall, que destinou bilhões para a Europa em 1947, e o Comecon, criado pela União Soviética para seus aliados, redesenharam o mundo. Nesse contexto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) surgiu para promover cooperação financeira e ajudar países emergentes, como o Brasil.
Durante a guerra, o país se destacou pelo fornecimento estratégico de borracha e pela importância dos aeroportos do Nordeste para os aliados e líderes como Juscelino Kubitschek, Delfim Neto e Emílio Médici impulsionaram o desenvolvimento do Brasil, com o apoio da ciência e de instituições como a EMBRAPA, que abriram o caminho para o agronegócio moderno. Embora o percurso tenha tido desafios, o Brasil se consolidou como um ator relevante na geopolítica mundial, graças à sua capacidade produtiva e aos investimentos do setor privado.
Hoje, as rotas comerciais globais estão sendo redefinidas, movimentando-se de Norte a Sul pela linha do Meridiano de Greenwich, que separa Ocidente e Oriente, e de Leste a Oeste pela linha do Equador, que divide os polos norte e sul.
Nessa nova configuração, quem dominar a produção de armas, tecnologia, alimentos e minérios terá papel decisivo no cenário mundial, a globalização trouxe esperança de convivência pacífica entre as nações, com respeito às religiões, culturas e à liberdade de expressão. Instituições e tratados internacionais são a base dessa convivência.
Apesar desses avanços, persistem problemas antigos, como a intolerância e a dificuldade em transformar metas globais em ações concretas e educativas, um desafio importante está na Amazônia, que envolve não só as comunidades tradicionais — indígenas, ribeirinhas e outras populações que têm uma ligação histórica com a terra — muitas vezes marginalizadas, mas também os brasileiros que participaram do desenvolvimento da região pelo Plano de Integração Nacional (PIN). Este programa mobilizou milhares de pessoas em projetos que buscavam integrar e desenvolver a Amazônia, mostrando o compromisso do Brasil em equilibrar crescimento e sustentabilidade.
O país tem ciência, competência e consciência ambiental para produzir alimentos e outros recursos na Amazônia de forma sustentável, respeitando os biomas e as culturas locais. Ignorar essa capacidade e deixar de ouvir os povos da região seria comprometer o futuro da Amazônia e, por consequência, do planeta, já que a floresta é fundamental para o equilíbrio climático e a biodiversidade no mundo.
Filósofos como Immanuel Kant, que defendeu a paz baseada na razão e no respeito mútuo, Hannah Arendt, que alertou sobre os perigos da intolerância, e Milton Santos, que valorizou o papel do local nas relações globais, nos ajudam a pensar em um futuro plural, democrático e solidário.
O Brasil tem uma chance única de liderar não só pelo seu potencial econômico, mas pela união de ciência, cultura e ética, para preservar a vida no planeta. Isso exige diálogo aberto, respeito às diferenças e um forte sentimento coletivo — essenciais para construirmos um planeta em que todos possam viver em harmonia.
Agora, imagine que o 3i Atlas fosse uma nave tripulada por grandes líderes espirituais — Jesus, Moisés, Buda, Gandhi e outros — fazendo uma auditoria sobre o que nós fazemos aqui na Terra. Eles analisam, não apenas nosso progresso econômico, mas principalmente se estamos respeitando valores importantes como justiça, diálogo, cuidado com o planeta e com as pessoas.
O relatório dessa nave mostraria que ainda temos muitos desafios, como a intolerância e a falta de escuta, especialmente para os povos da Amazônia e para as comunidades mais vulneráveis.
Essa tripulação nos lembrará que precisamos urgentemente alinhar nosso desenvolvimento com a ética e a sabedoria desses líderes, reforçando o compromisso de cuidar do meio ambiente e promover justiça social.
(*) (*) Marcelo de Castro Souza, é técnico em Meio Ambiente, trabalha com mudanças de categoria de Unidade de Conservação na região da BR 163. e do INSTITUTO ECO CACHIMBO.

