
A desaceleração global e a incerteza comercial. CRÉDITOS: Divulgação
09-07-2025 às 09h26
Breno Araújo*
A desaceleração global, o avanço do protecionismo e a desvalorização do dólar redesenham o cenário para exportadores e importadores brasileiros.
A economia global vive um momento de transição delicado. Embora o mundo tenha evitado uma recessão em 2025, o crescimento econômico desacelerou: o Banco Mundial revisou para 2,3% a previsão de expansão global para o ano, número bem abaixo do desejável para sustentar o combate à pobreza e o avanço dos países em desenvolvimento. Nesse cenário, o Brasil observa atento os reflexos dessa nova ordem econômica.
Os Estados Unidos, maior economia do mundo, seguem promovendo uma escalada tarifária que tem tensionado cadeias produtivas globais. O déficit comercial norte-americano saltou para US$ 71,5 bilhões em maio, um aumento de 18,7% sobre o mês anterior. A incerteza sobre a continuidade ou não das tarifas — a chamada “trégua de 90 dias” expira em 9 de julho — mantém investidores e governos em alerta.
Para o Brasil, essa tensão no comércio internacional tem efeitos mistos:
• Exportações em xeque: A imposição de novas barreiras pode dificultar o escoamento de commodities agrícolas e minerais brasileiras, sobretudo em cadeias integradas ao mercado norte-americano e asiático.
• Pressão nas cadeias produtivas: A indústria brasileira, já afetada por altos custos logísticos e infraestrutura deficiente, pode sofrer ainda mais com a elevação de preços de insumos e equipamentos importados.
Outro fator que redesenha o cenário econômico é a trajetória do dólar. A moeda norte-americana acumula queda de cerca de 10% em 2025, diante das expectativas de juros mais baixos nos EUA e do aumento da dívida daquele país. O real, por sua vez, se valorizou no ano, o que, embora ajude no controle da inflação ao baratear produtos importados, pode prejudicar a competitividade do setor exportador.
Para o Brasil, um dólar fraco traz vantagens e riscos:
Importações menos custosas, favorecendo a indústria e os consumidores no curto prazo.
Risco para exportadores, que perdem margem de lucro e competitividade no mercado internacional.
A desaceleração global e a incerteza comercial podem reduzir a demanda por commodities, principal motor da balança comercial brasileira. Soja, minério de ferro e petróleo, que puxaram o superávit nos últimos anos, podem enfrentar preços mais instáveis e menor procura — impactando diretamente as contas externas do país.
O que esperar?
O Brasil, diante desse cenário, precisará de respostas rápidas e estratégicas. A aposta em acordos bilaterais e regionais, o fortalecimento do mercado interno e a modernização da indústria são caminhos para reduzir a vulnerabilidade externa. Mais do que nunca, o país se vê desafiado a navegar em um mundo de incertezas, onde cada movimento das grandes economias ecoa com força nas nações emergentes.