
Vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, Ministro Rui Costa da Casa Civi, Haddad, ministro da fazenda - créditos: Jota Info
08-08-2025 às 10h10
Soelson B Araújo (*)
Brasília 08-08-2025 – O Brasil enfrenta um duplo desafio: no cenário internacional, a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acende um alerta no setor produtivo; internamente, a relação entre os Três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — se desgasta em meio a embates políticos cada vez mais frequentes.
Diante desse contexto, com escalada maior alertada pelo Diário de Minas há um mês atrás, especialistas e atores políticos defendem uma estratégia baseada em diplomacia, diálogo e estabilidade, mas parece não haver interesse por parte do governo brasileiro em negociar, por entender que seria humilhação. A avaliação é que a solução passa por medidas práticas que restaurem a confiança entre instituições e promovam o reposicionamento do país no cenário global, vez que neste momento o Brasil virou vitrine para o mundo em questões políticas, econômicas e judiciais.
O Impacto da Taxação Americana já é Sentido no Brasil. A nova tarifa imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros tem gerado reações no setor econômico. Segundo apuração do “Diário de Minas”, apenas a título de exemplo, o município de Piracicaba, (SP) pode amargar um prejuízo superior a um R$ 1 bilhão de reais em exportações de equipamentos agrícolas para os EUA. A medida também ameaça mais de 110 mil empregos, de acordo com estimativas de entidades da indústria e comércio do Brasil.
Especialistas sugerem que o Brasil adote uma postura mais ativa nas negociações com Washington. A reativação do Itamaraty como protagonista das relações bilaterais é uma das estratégias defendidas. Além disso, há apelos para que o governo federal busque “acordos compensatórios”, amplie a “diversificação de mercados” e envolva o setor privado na articulação política internacional.
“O Brasil precisa mostrar aos EUA que a taxação também prejudica cadeias produtivas norte-americanas. Há espaço para negociação se soubermos jogar diplomaticamente”, avalia um diplomata ouvido pela reportagem.
Tensão Entre os Poderes Gera Insegurança Política:
No plano interno, o clima institucional segue instável. A relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido marcada por declarações públicas, decisões judiciais controversas e embates que alimentam a polarização.
Como forma de conter os atritos, parlamentares e juristas vêm discutindo a criação de um “Pacto pela Estabilidade Democrática”; uma iniciativa que reuniria os chefes dos Três Poderes para reafirmar o compromisso com a Constituição e a harmonia institucional.
Outras propostas em debate incluem: Redução de decisões monocráticas no STF, favorecendo decisões colegiadas; fortalecimento dos canais de diálogo entre os poderes, priorizando a resolução institucional de conflitos; moderação no discurso político, com foco na construção de consensos.
A Comunicação e Sociedade Civil podem ser aliadas na descompressão, pois a forma como autoridades se comunicam também é apontada como fator agravante da crise. A recomendação de especialistas é que haja comunicação institucional mais clara e responsável, com a redução do uso de redes sociais como palco de disputas políticas.
Além disso, o papel da sociedade civil e da imprensa é considerado fundamental para a pacificação do ambiente político. Entidades defendem a criação de fóruns de diálogo multipartidário, além do fortalecimento de iniciativas de educação cívica e combate à desinformação.
É muito importante perseguir a Estabilidade a todo custo:
Com desafios simultâneos nas frentes interna e externa, analistas apontam que o Brasil precisa adotar uma postura pragmática. A chave, afirmam, está em reconstruir pontes — tanto com seus parceiros internacionais quanto entre os próprios brasileiros. “O momento exige menos confronto e mais articulação. A economia e a democracia brasileira dependem da capacidade de diálogo e de liderança moderada”, conclui um cientista político ouvido pela reportagem.
(*) Soelson B. Araújo é empresário, jornalista, escritor e Ceo do Jornal Diário de Minas