07-12-2025 às 15-01-2025
Alessandra Garcia*
O Dicionário da Oxford elegeu o termo brain rot , a palavra do ano, e não sem razão. Traduzido livremente como “mente corroída”, ele se refere ao impacto prejudicial que o consumo excessivo de conteúdos aleatórios e superficiais, principalmente nas redes sociais, pode causar em nossa capacidade de pensar de forma profunda, tomar decisões estratégicas e, consequentemente, evoluir profissionalmente.
Essa expressão se tornou o termo mais pesquisado na internet no último ano, refletindo um fenômeno global: a era da distração constante. Em um mundo onde milhões de vídeos curtos, postagens e notificações competem pela nossa atenção a cada segundo, o brain rot emergiu como um desafio para a saúde mental, para a produtividade e, sobretudo, para a competitividade no mercado de trabalho.
O Efeito do Brain Rot nas Competências do Século XXI
As redes sociais, com seu fluxo de estímulos rápidos, têm uma característica comum: a superficialidade. Essa exposição constante a informações desconexas e de baixo valor informativo impacta diretamente competências que valorizadas no mercado de trabalho moderno, como:
- Pensamento Crítico: A habilidade de analisar problemas complexos e tomar decisões assertivas exige foco e raciocínio profundo. O consumo de conteúdo aleatório fragmenta a atenção, tornando mais difícil conectar ideias ou avaliar informações de maneira criteriosa.
- Criatividade: A inovação nasce da combinação de conhecimentos e da exploração de novas ideias. Quando nossa mente está constantemente ocupada com estímulos de curto prazo, ela não tem o espaço necessário para criar, refletir ou imaginar.
- Resolução de Problemas: Resolver problemas requer concentração prolongada e análise detalhada. No entanto, o brain rot reduz a capacidade de manter o foco em questões desafiadoras por tempo suficiente para encontrar soluções eficazes.
- Gestão de Tempo: O tempo gasto com rolagem infinita nas redes sociais é frequentemente percebido como “descanso”, mas na prática ele consome horas valiosas que poderiam ser dedicadas a atividades de aprendizado ou planejamento estratégico.
Essas competências, essenciais para o crescimento profissional em um mundo em constante transformação digital, são diretamente prejudicadas quando nos deixamos levar pelo consumo indiscriminado de conteúdo.
Por Que o Brain Rot é um Inimigo Silencioso?
Um estudo recente da Microsoft revelou que o tempo médio de atenção de um adulto caiu para apenas 8 segundos, menos do que um peixe dourado. Isso não é coincidência. O excesso de conteúdo aleatório condiciona o cérebro a procurar recompensas rápidas, dificultando a capacidade de lidar com tarefas que exigem esforço mental prolongado.
Outro impacto significativo é a ilusão de produtividade. Muitas pessoas confundem estar ocupadas com estar produtivas. A constante exposição a estímulos digitais dá a sensação de movimento, mas frequentemente nos afasta das atividades que realmente trazem resultados.
Como Não Ser um Profissional “Brain Rot”?
Para evitar os efeitos nocivos do brain rot e se destacar em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, é essencial adotar práticas que protejam sua atenção e cultivem suas habilidades. Aqui estão algumas estratégias práticas:
- Priorize Qualidade sobre Quantidade: Substitua a rolagem em redes sociais por leituras mais longas, livros e conteúdos aprofundados que agreguem valor real.
- Defina Limites Digitais: Use aplicativos para monitorar o tempo de uso das redes sociais e estabeleça períodos de desconexão ao longo do dia.
- Treine o Foco: Técnicas como a meditação e o método Pomodoro ajudam a recondicionar a mente para se concentrar por períodos maiores.
- Pratique o Aprendizado Intencional: Escolha tópicos alinhados aos seus objetivos de carreira e dedique tempo para explorá-los em profundidade.
- Cultive o Ócio Criativo: Permita-se momentos de pausa para refletir, desconectar e deixar a mente trabalhar livremente.
Um Convite à Transformação
O brain rot é um reflexo dos tempos em que vivemos, mas não precisa ser o destino inevitável. Em 2025, temos a oportunidade de usar a tecnologia a nosso favor, consumindo informações de maneira estratégica e intencional.
Seja protagonista da sua trajetória profissional. Proteja sua atenção como o recurso valioso que ela é e construa as competências que realmente farão a diferença na sua carreira. Afinal, o maior desafio do futuro não será encontrar informações, mas saber o que fazer com elas.
Qual é o primeiro passo que você pode dar hoje para vencer o brain rot e se preparar para um ano transformador?
Alessandra Garcia é mentora de carreira, gestão e liderança. Especialista em educação corporativa, ajuda profissionais a construírem carreiras sólidas e alinhadas com seus propósitos