12-12-2024 às 16h46
Direto da redação
Hoje é um dia para relembrar Drummond, que foi editor geral deste jornal por quase uma década. Integrou um grupo de poetas que eternizaram BH em seus poemas. Dentre eles, Fenando Sabino, Henriqueta Lisboa e Mário de Andrade. Assim o site Belo Horizonte Secreto retrata Carlos Drummond de Andrade:
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, a aproximadamente 100km de BH. Mudou-se para a capital de Minas para estudar, onde foi aluno do Colégio Arnaldo no ciclo básico, e da Escola de Odontologia e Farmácia da UFMG durante o ciclo superior. Ele obteve o diploma de farmacêutico, porém, nunca se identificou com a profissão. Em vez disso, Drummond atuou como contista e cronista para importantes jornais da época, como Diário de Minas e O Globo. Além do mais, se tornou um dos poetas brasileiros mais influentes do século 20.
A vivência mineira e belo-horizontina prestam um papel importante na carreira literária de Drummond. Morando na capital, ele frequentou o círculo literário da época e ficou amigo próximo de intelectuais como Mário de Andrade e Pedro Nava. Alguns pontos de encontro muito frequentados por eles eram o antigo Café Estrela (próximo à Rua dos Goitacazes) e o Viaduto Santa Tereza.
No decorrer de sua vida, porém, o sentimento de Drummond por BH mudou. Diversos prédios clássicos foram demolidos e espaços culturais foram desativados — como o finado Cinema Odeon, na Rua da Bahia, que o poeta frequentava na juventude. Esse descaso com o patrimônio da cidade entristecia o poeta, que em 1976 escreveu “Triste Horizonte”, no qual desabafa seu distanciamento com a nova capital, e a nostalgia de uma
cidade que não existe mais.
Por que não vais a Belo Horizonte? a saudade cicia e continua, branda: Volta lá.
Tudo é belo e cantante na coleção de perfumes das avenidas que levam ao amor, nos espelhos de luz e penumbra onde se projetam os puros jogos de viver. Anda! Volta lá, volta já.
E eu respondo, carrancudo: Não.Não voltarei para ver o que não merece ser visto, o que merece ser esquecido, se revogado não pode ser. […]
Sossega minha saudade. Não me cicies outra vez o impróprio convite. Não quero mais, não quero ver-te, meu Triste Horizonte e destroçado amor.”– “Triste Horizonte” (1976)
Drummond com a esposa, Dolores. Foto: Acervo Carlos Drummond de Andrade (carlosdrummond.com.br)