Português (Brasil)

Belo Horizonte é a capital do barulho; aqui, qualquer um grita pelos alto-falantes

Belo Horizonte é a capital do barulho; aqui, qualquer um grita pelos alto-falantes

O barulho infernal que se ouve a qualquer hora do dia ou da noite está intimamente relacionado com a falta de educação das pessoas porque, mal educadas, não conhecem os limites.

Compartilhe este conteúdo:

11-05-2023 - 08h:00

Rogério T. Guimarães*

Barulho. O tema é recorrente, mas é preciso reclamar sempre, até que as pessoas e as ditas autoridades responsáveis por nos evitar enlouquecer, por causa de tanto ruído sem nenhum controle, tomem de fato uma atitude. Tanto barulho assim é um sinal: a crosta, aquela tiririca dizendo melhor, de terceiro mundo perdura em nós, embora o País tenha experimentado melhorias em vários setores.

Mas ainda há muito chão a percorrer até de fato alcançarmos os mesmos níveis das condições de vida nos países do primeiro mundo, mesmo agora, diante da crise que enfrentam. Não dá para comparar o pobre brasileiro com o pobre europeu.

Ao que se depreende daquilo que pela janela se vê passar, o Brasil dificilmente chegará a esse ponto se não investir pesado em dois setores: educação e saúde. O barulho infernal que se ouve a qualquer hora do dia ou da noite está intimamente relacionado com a falta de educação das pessoas porque, mal educadas, não conhecem os limites, pois lhes falta o bom senso.

O barulho excessivo torna-se a cada dia um problema de saúde pública e assim deveria ser tratado daqui por diante. Basta observar as pessoas. O que há de gente falando sozinha, neurótica, paranoica e tal e coisa por aí, não está no gibi. Muitas delas assim estão por causa da barulheira da cidade. Esse estresse danado.

A economia do País pode derramar reais por todas as burras, mas se não houver investimento maciço em educação e saúde, o Brasil não perderá essa tiririca que nem caco de telha retira no banho de sexta-feira. Educação e saúde são o que há de fundamental para fazer o desenvolvimento criterioso de um país. Basta dar um giro nos calcanhares e verificar o que se dá em pequenos países que não dispõem de tantos recursos naturais nem de tanta gente e que investem em educação e passam quinau no Brasil.

 As riquezas nacionais devastadas a partir de Pedro Álvares Cabral até os dias de hoje devem ser canalizadas para fazer deste País a maior potência mundial, não das armas, mas do conhecimento, do saber e do respeito aos seus cidadãos. Temos riquezas suficientes para fazer o bem-estar dos brasileiros e ainda emprestar dinheiro ao FMI de tristes lembranças. Mas o Brasil precisa fechar a torneira por onde bilhões de reais escoam no torpe financiamento da corrupção.

Corrupção no Brasil precisa ser considerada crime hediondo. Os brasileiros de boa vontade devem estar coesos a fim de fazer uma limpa nos governos, no Congresso e nas câmaras municipais. Urge acabar com esse cancro que nos leva a quase desacreditar na espécie humana, quando políticos que nos envergonham roubam os recursos destinados a salvar vidas e a desasnar milhões de brasileiros. Quem assim faz precisa ser penalizado para que a impunidade não nos deixe impotentes diante de tamanho descalabro.

Tudo isto faz barulho e tem a ver com o barulho que a cada dia fica mais grave. No meio da noite se ouvem caixas acústicas nas alturas; carros transitam com aparelhagem de som de mau gosto no bagageiro; durante o dia kombis velhas, caindo aos pedaços transitam com alto-falantes vendendo frutas, legumes e verduras de não se sabe qual a procedência; o vendedor de abacaxi incomoda se achando dono de si ao usar também alto-falante; depois vem o vendedor de “pamonha, pamonha”; e por que não falar também do amolador de facas? Este é o que menos incomoda ao utilizar-se de um apito do tipo gaita que ele assopra e depois grita: “Amooolaaadorrrdefacaaa, tesouraaa, alicateee e cortador de unhaaa...”

Houve um tempo em que para a utilização de alto-falante era preciso antes tirar uma licença na prefeitura. Parece que qualquer pessoa pode hoje sair por aí gritando em alto-falante ou deixar o alarme do carro disparar durante horas; buzinar, então, de madrugada, é o que há de mais comum.

Sem falar das máquinas que são utilizadas em larga escala na construção civil, como o bate-estaca, o martelete, as serras e outras ferramentas barulhentas, tudo isto misturado com o ronco dos motores dos caminhões tipo caçamba, que, além do barulho, espargem poeira e monóxido de carbono por todos os canos, porcas e parafusos.

A julgar pelo andar, esta carruagem parece transportar esqueletos sobre folhas de zinco. Com tanto barulho ao redor, o fim dos tempos deve estar próximo mesmo. Pelo jeito, tudo deverá terminar numa só explosão: booommm... Porque as ditas autoridades demonstram não dar mais conta de conter o barulho infernal. Se é que no inferno seja barulhento assim.

*Ambientalista incomodado com a barulheira poluidora.

Imagem da Galeria Em Belo Horizonte, qualquer pessoa pode pegar um megafone e sair por aí vendendo o seu peise
Compartilhe este conteúdo:

 

Synergyco

 

RBN