Bambu é a atual atração da pesquisa na UFV, com potencial para produção de carvão vegetal maior que o do eucalipto
Tudo indica que o secular bambu, “pau para toda obra”, definitivamente ganhará valor econômico como meio de se obter biomassa com maior potência para produção de carvão que alimenta as indústrias siderúrgicas.
Direto da Redação
24-10-2022
6h:07
Em algum momento o prezado leitor já imaginou o bambu como opção para produção de carvão vegetal? Pois é possível, senão a Universidade Federal de Viçosa, na Zona da Mata de Minas, por intermédio do Departamento de Engenharia Florestal, não teria assinado convênio com a empresa Econew para pesquisar o potencial do bambu como tal.
Integra também essa parceria para pesquisa, desenvolvimento e inovação a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os estudos foram iniciados no mês de agosto, a partir das mudas a serem plantadas, o que na opinião dos técnicos podem ajudar o Brasil apresentando mais uma opção de energia renovável.
Como o professor Sebastião Valverde, coordenador do projeto, disse ao jornal Folha da Mata, “a possibilidade de chegarmos ao carvão vegetal de bambu é uma inovação”. Como confirma o professor, o bambu tem potencial para substituir o carvão mineral e poderá apresentar maior produtividade que o carvão vegetal produzido a partir do eucalipto.
Dá para interferir na matéria com uma reflexão: se o bambu surgir por aí na mesma proporção dos eucaliptos, Minas Gerais e o Brasil correrão o risco de se transformarem em um enorme bambuzal?
“A energia térmica usando biomassa já é mais competitiva do que a que utiliza combustíveis fósseis”. Lembra o professor e acrescenta que o ciclo da plantação de bambu leva em torno de três anos, enquanto o do eucalipto seis a sete anos.
Foi a perspectiva de poder calorífico e a densidade de granel igual ou mesmo superior à do eucalipto que atraiu a curiosidade científica dos pesquisadores.
A fase agora é de identificação dos melhores materiais genéticos para testar se, de fato, a rotação se dará em apenas dois anos e qual será o potencial de produtividade.
Cerca de 45 mil mudas de uma espécie de bambu já foram adquiridas pela Econew para início de testes.
Os pesquisadores também estão avaliando a versatilidade do uso do bambu. Para isso, a UFV criou um grupo temático de estudos, para debater outras aplicações e as principais questões operacionais que podem ser resolvidas pela pesquisa.
Com bambu se pode fazer cadeiras, mesas, portões, cercas, casas e até pontes. Originário da Ásia, as utilidades do bambu são conhecidas há séculos e a sua cultura é vista como um agronegócio.
O bambu é tão comum na China, que possui mais de três milhões de hectares plantados e tem catalogados quatro mil usos diferentes, o que trocado em cifrões significa mais de um bilhão de dólares anualmente.
No Brasil, a planta é pouco explorada. E é vista como praga porque onde tem um grupo de bambus, logo surge outro adiante. Mas a tendência do quadro é de mudar, como se pode esperar com a conclusão dos testes na UFV.