
As desigualdades socioeconômicas no Brasil gera caos social - créditos: divulgação
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15-06-2025 às 08h48
Cristiane Noronha*
Vivemos em uma sociedade marcada por abismos sociais profundos, onde a desigualdade se manifesta não apenas na renda, mas no respeito, na escuta e na oportunidade. O pobre, muitas vezes, é reduzido a um instrumento de trabalho — alguém que existe para sustentar o conforto de quem está no topo. E ainda que o discurso da “ajuda aos menos favorecidos” apareça em reuniões e eventos, muitas vezes ele é apenas uma formalidade. Palavras bonitas não sustentam dignidade quando os atos dizem o contrário.
É preciso dizer: nem todos agem assim. Existem pessoas com poder e status que realmente se preocupam, que são coerentes entre o que falam e o que praticam. Mas infelizmente, são minoria. Em muitos espaços, o que se valoriza é o sobrenome, o cargo, o endereço. Se você vem de um bairro mais humilde, já não é ouvido com a mesma atenção. Sua fala é descartada antes mesmo de ser compreendida.
Essa lógica é cruel e injusta. O valor de alguém não está no que possui, mas no que pensa, no que sente, no que constrói com honestidade. Há pessoas simples, batalhadoras, com ideias potentes e corações gigantes — mas que não recebem espaço porque o sistema insiste em associar valor à aparência, ao poder aquisitivo, à etiqueta social.
Quantos talentos não foram enterrados por falta de oportunidade? Quantos líderes não surgiram simplesmente porque vieram do “lugar errado”? O problema não é a ausência de capacidade — é a ausência de escuta.
Precisamos, urgentemente, repensar essa estrutura. Dar voz a quem nunca teve. Respeitar sem perguntar o CEP. Valorizar as ideias antes de olhar o crachá. Porque só haverá justiça de verdade quando todos forem tratados com dignidade — não importa onde moram, o que vestem ou quanto têm na conta.
Cristiane Noronha é Gestora de Processos e Projetos
