
Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco - créditos: Folha-PE
Getting your Trinity Audio player ready...
|
25-05-2025 09h29
(*) Ítalo Rocha Leitão
Numa noite de julho de 1963, o governador Miguel Arraes, que morava com a família no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, recebeu a sua mãe Benigna Arraes, que tinha vindo do Crato para visitar o filho ilustre. Era um dia de sábado e, logo após o jantar, o governador chamou sua mãe para dar uma volta na Praça da República – que fica na frente. Ao final do passeio, o governador e a mãe voltaram para o Palácio pelo portão que fica quase no pé da Ponte Princesa Isabel. Mas, com a luminosidade ofuscada pelas árvores e Arraes de chinelos de couro, uma calça meio surrada e camisa de manga curta, não foi reconhecido pelo sentinela postado na guarita. O soldado explicou que à noite não era possível civis circularem por ali por ser área de segurança e pediu que filho e mãe descessem da calçada. Arraes obedeceu e se dirigiu com dona Benigna para o Batalhão de Guardas, do lado oposto, onde foi prontamente reconhecido. No dia seguinte, o buchicho era um só:
o soldado que havia barrado a entrada do governador e sua mãe iria ser punido com uma advertência.
Miguel Arraes soube e chamou ao gabinete o chefe da Casa Militar. No despacho, o governador deixou bem claro: o militar que estava de serviço cumpriu o seu papel de preservar a segurança do palácio e deveria receber elogios na sua ficha funcional e não sofrer uma punição.
(*) Ìtalo Rocha Leitão é jornalista/Recife-PE