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21-07-2025 às 11h00
Direto da Redação*
A cantora e apresentadora Preta Gil faleceu aos 50 anos no último domingo (20), em decorrência de complicações de um câncer colorretal, diagnosticado em janeiro de 2023, quando ela tinha 48 anos. A morte reacende o alerta para o crescimento acelerado desse tipo de tumor entre pessoas com menos de 50 anos.
Médicos ouvidos pela BBC News Brasil classificam a tendência como “assustadora”, “preocupante” e um “problema global”. Embora o câncer colorretal — que afeta o intestino grosso (cólon) e o reto — seja historicamente mais comum entre pessoas mais velhas, nas últimas décadas tem sido cada vez mais frequente entre os mais jovens.
Segundo o oncologista clínico Paulo Hoff, presidente da Oncologia D’Or, “alguns estudos mostram aumento de até 70% na incidência entre pacientes mais jovens, quando comparamos com os números de 30 anos atrás”.
Essa mudança já provocou alterações em políticas de saúde pública. Nos Estados Unidos, por exemplo, a recomendação para início dos exames preventivos caiu de 50 para 45 anos. No Brasil, dados preliminares também indicam um crescimento significativo da doença em faixas etárias mais jovens.
A epidemiologista Liz Almeida Cancela, da Fiocruz, destaca que o aumento entre mulheres jovens ainda não é estatisticamente significativo, mas a tendência é clara. Em outras faixas etárias, como entre 50 e 59 anos ou acima dos 60, o número de casos também cresce — o que é esperado, já que a idade é um fator de risco importante.
Cancela cita dois estudos recentes que reforçam o protagonismo crescente do câncer colorretal no país. O primeiro mostra que, ao contrário de outros tipos de tumor que devem ter queda na mortalidade até 2030, o câncer colorretal tende a seguir em alta, tanto em homens quanto em mulheres.
O segundo estudo analisa os anos de vida produtiva perdidos por diferentes tipos de câncer. Entre os homens, o tumor colorretal era o sétimo mais impactante no início dos anos 2000. Até 2030, deve subir para a terceira posição, atrás apenas dos cânceres de estômago e pulmão. Entre as mulheres, a escalada é semelhante: da sexta para a terceira posição, atrás de mama e colo do útero.
O cenário preocupa e aponta para a urgência de estratégias preventivas, diagnóstico precoce e maior conscientização — especialmente entre os mais jovens, que tradicionalmente não são o foco das campanhas de rastreamento.