Acervo de fotografias e filmes de Viltomiro
Ele guarda em casa um dos acervos sobre Montes Claros dos mais importantes. São fotos e filmes sobre os mais importantes eventos da cidade, que precisam ser preservados para as gerações.
19-11-2023 às 19:45h.
Alberto Sena
Tive a alegria de me encontrar com o amigo de infância Miro – Viltomiro de Sousa - cinegrafista que possui um antigo e rico acervo de fotografias e filmes sobre a nossa Montes Claros.
Ele, inclusive, me presenteou com uma foto da cidade quando não existia espigão algum. A Catedral de Nossa Senhora Aparecida era o maior e única construção mais alta da urbe. Haviam sobrados, vários, mas no geral Montes Claros possuía só casas e nenhuma tinha muro alto, cerca elétrica ou concertina que infestam a cidade atualmente, nem se cogitava disso.
O acervo de Miro precisa ser tratado com a devida atenção e consideração à altura da sua importância como registros da memória da cidade e de cidadãos que fizeram o engrandecimento deste lugar nascido de uma fazenda para se tornar uma metrópole.
- Para quem você vai doar esse acervo tão importante, Miro? – perguntei a ele.
Miro não respondeu imediatamente. Pensou um pouco e disse:
- Doarei tudo à instituição que assegurar a preservação de todo o material.
Segundo me informou ele, há algumas instituições interessadas e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) é uma delas. O acervo está guardado em um cômodo da casa dele, mas não em condições ideais porque ele não possui recursos para isso, o que, com o tempo poderá comprometer a qualidade do material.
O cômodo onde Miro guarda o rico acervo se parece mais com um cofre. Para entrar nele, é preciso antes abrir uma grade de ferro e uma porta que se parece mesmo com porta de um cofre. Por todos os cantos há material em estantes e em cima de mesas.
Quando ele abriu a porta, recebemos um bafo de ar com cheiro de objetos arquivados. E ele se mostrou logo entusiasmado com tudo que ali está e se lembrou de ter filmado a última viagem do “Trem do Sertão”, a pedido de Américo Martins, fundador do jornal O Norte.
- Américo Martins me deu muito apoio – reconheceu Miro.
- Você é muito grato a ele, percebo isso pela maneira como fala dele.
- Claro, ele é um camarada fabuloso – disse com emoção no olhar.
Miro, como disse no princípio deste texto, é um amigo de infância, quando a minha família morou na Rua São Francisco. Eu tinha sete anos e ele já era pré-adolescente. Jogávamos bolinha de gude juntos, numa área em frente a nossa casa, que era recuada, fora do limite padrão. Era de terra vermelha e nela jogávamos também finca, quando era chegado o período das águas.
Não via Miro fazia décadas. Hoje, quando nos encontramos e fomos – eu e Sílvia – à casa dele, onde almoçamos em companhia de sua simpática esposa Julita Teixeira de Souza, ficamos emocionados.
Miro se aposentou depois de trabalhar por 40 anos passando por todas as TVs da cidade e em jornal. Em meio ao acervo dele estão algumas câmeras de filmar e máquinas fotográficas. Ele se aposentou, mas continua a ser procurado para fazer trabalhos de “freelancer”.
Miro é um profissional respeitado em Montes Claros, que aprendeu a amar desde os tempos de criança, quando a família dele se transferiu para a cidade. É devido ao amor que alimenta por Montes Claros, que Miro quer doar o acervo de importância transcendental.
A casa de Miro tem algo que lembra um museu. Há aparelhos de rádio antigos. Panelas de ferro, ferro de passar roupa alimentado de brasas, troféus e outros objetos, por meios dos quais ele demonstra toda a sua preocupação com a memória pessoal e coletiva.
*Editor Geral do DM