Foi do 24° andar que, em dias como os de dezembro à vista, Avenida Afonso Pena decorada para Natal, vimos um homem subir numa das torres instaladas no canteiro da via.
26-11-2024 às 09h:14
Direto da Redação
Como se lê a palavra “acaiaca” de trás para frente? A palavra é classificada de “palíndromo”, porque se pode lê-la também de trás para frente. Acaiaca é de origem indígena, mas é também nome de um dos edifícios mais altos de Belo Horizonte e cheios de histórias.
Um projeto que a direção do condomínio chama de “revitalização” e melhor seria adotar “requalificação” do edifício, porque ele não estava “morto”. A imagem dele está gravada na memória afetiva dos belo-horizontinos. Faz parte do Inconsciente Coletivo da população da capital
Ao final da obra o edifício será um exemplo de como dar perspectivas novas para um prédio tradicional, construção icônica da capital, tombado pelo patrimônio, a oferecer vista panorâmica de BH a partir de seu 26º andar.
A intenção é fazer do edifício de 30 andares, um elevador panorâmico do 25º para 30º e uma tirolesa até o Parque Municipal. O projeto é do arquiteto Alexandre Fraga (foto).
O prédio já contou com cinema, lojas, boate, escola, sede da Varig, de grupos políticos, do Sindicato das Indústrias de Tecelagem. Teve a primeira televisão mineira – a TV Itacolomi – e até o curso de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Muitas são as histórias que as paredes do edifício podem contar. E como um dos que viveram dias felizes naquele prédio de tamanha presença, de finais de 1979 até 1982, no 24° andar funcionou a Redação do Jornal de Shopping, um semanário dos Diários Associados, criado por Camilo Teixeira da Costa para ser um jornal de compras. Mas o editor Wander Piroli fez muito mais, criou um semanário inteligente, que venceu a concorrência com o Jornal de Casa, da época.
Foi do 24° andar que, em dias como os de dezembro, com a Avenida Afonso Pena decorada para o Natal vimos da sacada, um homem subir numa das torres instaladas no canteiro da via, sem derrubar nenhuma das lâmpadas.
Foi chamado o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar fechou a avenida de um lado e do outro, e ao redor da torre, uma multidão se acercou, de modo que o trânsito de carros parou. Até que os bombeiros conseguiram descer com o homem amarrado pelos ombros e desmaiou na descida.
Ele tinha uma carteira de trabalho no bolso da calça jeans e depois fizemos a cobertura do evento, em companhia do então fotógrafo Kao Martins, Wander Piroli editou a matéria e deu o seguinte título: “Ele só queria subir um pouco na vida”.