A população mineira envelheceu
Na década de 1970, o Brasil era conhecido como País jovem. Antigamente, as famílias eram grandes e hoje é o contrário. As mulheres pela primeira vez são maioria em todas as regiões.
38-10-2023 às 13:51h.
Direto da Redação
Minas Gerais é um dos três estados brasileiros onde a população mais envelheceu. Os outros dois são Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Recordo-me quando, na década de 1970, o Brasil, além de ter se sagrado Tricampeão do mundo pela Seleção Brasileira de futebol, exaltava a fama de ser um País de jovens. Vínhamos de um costume diferente dos atuais, as famílias eram grandes, ao contrário do que aconteceu depois,
A geração de jovens de então tornou-se idosa e é o que constatam os números do Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira, 27. Se em 2010 havia 14.081.477 idosos, no Censo do ano passado foram para 22.169.101 (quase 9 milhões a mais) , correspondentes ao crescimento de 57,4%.
A maior quantidade de idosos, a partir de 65 anos de idade ou até mais, está concentrada no Sudeste, com 12,2%, e no Sul com 12,1%.
Como se fosse para compensar, crianças com até 14 anos formam uma população mais expressiva no Norte (25,2% do total de moradores) e no Nordeste (25,2% do total de moradores). Em 12 anos, a população brasileira com 65 anos ou mais cresceu quase 60%.
A população brasileira obteve um salto de 12,3 milhões na última dúzia de anos, indo para 203 milhões.
O índice de envelhecimento é de 76,2% nas cidades com até 5 mil habitantes e de 63,9% naquelas com mais de 500 mil habitantes.
“O que acontece nos municípios muito pequenos é a saída da população economicamente ativa, em idade reprodutiva. As pessoas se mudam para locais onde há maiores chances de empregos e melhores ofertas de serviço. Por sua vez, as cidades maiores são justamente aquelas em que a fecundidade tende a ser mais baixa”, observa a pesquisadora do IBGE, Izabel Guimarães.
Ela acrescenta que os estados da Região Norte começaram mais tarde o processo de redução da fecundidade verificado no Brasil. “Roraima particularmente tem na sua composição uma população indígena numerosa. As populações indígenas, principalmente aquelas que residem em terras indígenas, têm fecundidade maior. Além disso, há uma migração, principalmente da Venezuela, que tem efeito no número de nascimentos no estado”, explicou.
Segundo Izabel, são principalmente os jovens que vêm ao país em busca de trabalho, incluindo mulheres em idade reprodutiva. Ela destaca que os dados específicos de migração e fecundidade do Censo 2022 serão divulgados em 2024.
No Rio Grande do Sul, 14,1% dos moradores têm 65 anos ou mais. É o estado com a maior proporção de população idosa. Também registra o menor percentual de crianças. A faixa etária até 14 anos representa 17,5% da população gaúcha. A idade mediana no estado é 38 anos, três a mais do que a idade mediana nacional.
Números próximos são registrados no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Os idosos representam 13,1% da população fluminense, enquanto as crianças são 17,8%. Entre os mineiros, 12,4% têm 65 anos ou mais, enquanto a faixa etária até 14 anos é de 18,1%.
Outro aspecto marcante do Censo 2022 é o fato de as mulheres, pela primeira vez na história, aparecem como maioria em todas as regiões. Enquanto o Rio de Janeiro é o estado com menor proporção de homens no Brasil.
Em cinco décadas, pela primeira vez, elas são maioria e para isso faltava só a Região Norte para consolidar a predominância feminina.