Créditos: Divulgação
05-11-2025 ás 09h07
João Capiberibe*
Diante dela, a floresta vira templo.
A “Muralha” ergue suas asas de raiz como contrafortes de uma catedral,
e o tronco sobe — coluna de luz — até costurar céu
e copa.
Senti o mesmo arrepio que no Coliseu de Roma:
obra monumental, só que aqui a engenharia é da
própria natureza.
Afuá, cidade sem motores, guarda esse colosso a poucos minutos do centro.
Chega-se em silêncio, pelo vento no rosto de barco
depois a pé,
até que a Samaúma nos encolhe — pequenas
figuras ao pé de uma gigante —
e lembra: somos hóspedes, não donos.
Venha ver.
Traga curiosidade e respeito; leve apenas
fotografias.
Não risque, não corte, não arranque —
escute a respiração das raízes, sinta o pulso do chão
úmido,
e, antes de ir, plante um compromisso:
conservar a Amazônia para que outras gerações
ainda possam se perder de espanto diante deste
monumento vivo.
A “Muralha” não é só uma árvore: é um convite.
Quem se aproxima dela aprende que riqueza é
sombra, água, fruto e biodiversidade.
Visite Afuá. Celebre, contemple, proteja.
Porque cada passo respeitoso aqui é um tijolo na
grande casa da floresta em pé.
*João Capiberibe foi prefeito de Macapá, governador do Amapá e Senador da República. Hoje, é empresário e ambientalista

