
Se a gente não vivencia o aqui, agora, acaba se perdendo porque o passado passou e não voltará. CRÉDITOS: Freepik
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09-05-2025 às 09h00
Alberto Sena*
Desde o ano passado não encontrávamos para ficarmos um frente ao outro. A oportunidade do lançamento do livro “Darcy Ribeiro do Fazimento”, proporcionou estarmos juntos para sorvermos um café com letras. A propósito, ele ficou com dois exemplares, um para si e o outro para a irmã Ana Beatriz.
Claro que nesse interregno de ausência física conversamos por mensagens pelo “WahtsApp” e pelo celular, mas nada substitui um encontro pessoal, daqueles que a gente tinha antes, muito antes da informática e desse aparelhinho que nos acha em quase todo lugar.
O encontro nosso – meu e Sílvia – com o escritor de livros, como “Os Lindeiros”, “Gaveta de doido”, “A Cidade e a Vida” – o ex promotor de Justiça Henrique German, foi no Café com Letras da Rua Antônio de Albuquerque, na Savassi, em meio ao incorruptível cheiro de livros e também de café.
Falamos de vida e de morte, celebrando nossos antepassados e nos embrenhamos pela literatura dele, de livros como o que ele lançará em agosto, intitulado “Vórtice de sombras” de poemas, muito bem editado pela Literíssima, de Leida Reis, ex-colega nossa na Redação do Hoje em Dia.
Tentamos em uníssono resolver todos os problemas da humanidade, 9 bilhões de almas que ainda em 2025 não sabem o que fazem e está mais perdida do que “cego em tiroteio”, como o bombardeio travado por Putin e Zelensky e mais uma turma de mandatários donos deste mundo imundo por todos nós produzido.
Claro, resolvemos, mas não conseguimos resolver todos os problemas do mundo porque também o tempo foi de pouco mais de duas horas. Deixamos o restante das soluções para o professor Darcy Ribeiro, que motivou o encontro, a partir da ideia transformadora do Mestre, a escola, a Educação, de uma ponta a outra, até a criação da Universidade do Saber.
Depois de molharmos bem a palavra com capuccino e pão de queijo recheado de damasco com queijo canastra e de tomate seco com gorgonzola, chegamos à conclusão de que o importante é a oportunidade de vivenciarmos o presente.
Isto é, hoje, quando faço a narrativa da magia do nosso encontro, ele já faz parte da mochila onde guardo a vivência do passado, do qual nada tenho a reclamar – “s’eu queixo é de burro”.
Se a gente não vivencia o aqui, agora, acaba se perdendo porque o passado passou e não voltará (a não ser que alguém invente uma maquininha para captar vivências) e o futuro é como uma miragem. E porque essa conversa de passado, presente e futuro é só conversa mesmo. Em verdade, o fundamental é aproveitar ao máximo esse tipo de encontro, como aproveitamos, cheio de empatia.
Somos amigos desde criancinha e particularmente o admiro porque é um camarada que parece estar em estado de graça o tempo todo. Não se abate nem pela convivência com um problema que praticamente lhe furtou a visão.
No momento em que vivemos, considero Henrique German um dos melhores escritores do nosso tempo. Ele produz com maestria livros em todos os segmentos da literatura.
É ficcionista, mas também poeta daqueles que vão fundo na alma para buscar os seus versos com ou sem rimas, bem ao gosto dos poetas do nosso tempo conturbado, mas bonito e cheio de alegria para quem sabe viver.
* Alberto Sena é jornalista