04-09-2023 às 11:50h

Bento Batista*

É interessante prestar atenção às horas do dia.

De manhã cedinho, entre cinco e seis horas, quando praticamente a cidade quase toda dorme, é um momento em que se pode ouvir o canto de galos e o latido de cães.

Um ou outro carro desliza no asfalto o ruído característico do atrito dos pneus, além do barulho do motor.

Ou uma motocicleta de um entregador de jornal passa.

A parte da manhã para mim é a melhor hora do dia, embora eu goste do dia como um todo.

É que acho a manhã mágica, a partir do nascer do dia, cheio de luz do Sol, que produz os mais lindos e coloridos reflexos nas nuvens. Ainda mais lindo é quando se tem a oportunidade de estar mergulhado na Mãe Natureza.

E quando o Sol aponta a cabecinha na linha sinuosa do horizonte da Serra do Curral, não há espetáculo melhor já nos primeiros minutos do novo dia.

Quando chega o meio-dia, a gente nota claramente a diferença, não só porque o Sol está a pino, mas porque tudo muda, e, principalmente a atmosfera.

Dá a impressão de que algo já foi gasto e aqueles ares de começo se diluíram como fumaça, mas certamente não se perderam como nada se perdeu na voragem do tempo.

Entre três e quatro horas da tarde a gente percebe também e nem é necessário olhar no relógio, pelo menos para quem costuma saber a quantas andam os ponteiros só de olhar o tempo.

Foi nessa hora que Jesus Cristo expirou na cruz, e certamente por isso, é que, particularmente, sinto o quanto as vibrações desse momento são importantes.

Assim como importante é saber que Ele ressuscitou entre três e quatro horas da madrugada, e se você tem o costume de acordar durante a noite nesse horário, isso é uma espécie de chamamento espiritual e está relacionado com a ressurreição do Cristo, o primeiro ser nascido humano a tirar uma selfie e deixar para nós todos contemplarmos o seu rosto, mais de dois mil anos depois.

Refiro-me à Sagrada Face, que, na minha opinião e de cientistas da Universidade de Navarra, na Espanha, é realmente a face de Jesus Cristo, no justo momento em que Ele ressuscitava.

Todos os sinais da face dele são de uma pessoa viva.

Falei do dia, mas gosto da noite, embora eu não seja um noctívago, com ela posso sempre esperançar a oportunidade de vir a contar estrelas em algum lugar sem iluminação elétrica.

Mas da minha janela posso divisar algumas delas e me contento com o privilégio de assistir ao nascer das luas.

Quando é Lua Cheia, então, o espetáculo é uma magnificência maior.

Enfim, gosto do dia como um todo, como já disse. Sigo o dizer de James Joyce, no livro Ulisses: “Apega-te ao agora, ao aqui, através dos quais todo o futuro mergulha no passado”.

O importante é estar sempre disposto a levantar-se da cama para viver cada dia e agradecer a Deus, ainda mais se tendo autonomia de ir e vir. 

Acredito haver três formas de oração a Deus, na pessoa de Jesus Cristo, e a primeira é: “Obrigado Senhor"; a segunda, “obrigado Senhor”; e a terceira, “obrigado, Senhor”.

*Jornalista e escritor