A Estupidez do Erro na Informação
Em um café na residência do Dr. Roberto Marinho, ele próprio me fez saber da história, da qual só ficou sabendo passados os imbróglios.
03-03-2024 às 07h:47
José Altino Machado*
Não posso jamais afirmar ter sido amigo chegado de Roberto Marinho. Com ele mantive boas relações, podendo dizer que por ele era recebido com prazer, inclusive em sua própria residência no Monroe. Alguns habitantes de sua pequena floresta, por mim foram arranjados, como o célebre macaquinho barrigudinho, de nome Frederico. Realmente era um homem e digno empresário, que como tantos outros, hoje parecem não mais existirem.
Bem me recordo de seu comportamento, à época dos duros tempos do regime de exceção, em que se buscavam em todos os lugares, aqueles contrários à democracia, até então chamados comunistas, principalmente na imprensa. Foi dele um primor de sentença, ao dizer que o governo procurasse tais elementos, se nocivos à sociedade, em outros lugares, e que “dos comunistas dele em seus jornais e tvs ele cuidaria”.
Realmente foi um exercício para mim e para minha vida. Muitos até poderiam não gostar dele ou temer seu excessivo poder, mas uma coisa é certa, jamais permitia veiculação de algo falso ou informação sem razão comprovada. O homem era sério maestro mesmo.
Seu exemplo não era tão seguido por alguns na própria rede que presidia. Há praticamente 40 anos, um grande apresentador de programas fez uma extensa matéria no território de Roraima, particularmente na famosa área do sistema Parima, que hoje mais que Parima, é conhecida como área Yanomami.
Ao retornar com a matéria feita, naqueles estúdios foi editada bastante diferente da conotação obtida no campo. Sem negociar, não aceitando, afirmou:
“Não foi isso que vi e registrei, é errônea a interpretação de meu trabalho. Se assim for ao ar, pedirei imediata demissão e nunca mais voltarei a essa emissora”.
Uma diretora do programa de nome Vanja, exigente, a exibiu com a conotação que desejou. Este jornalista pediu demissão no dia seguinte e jamais retornou. Note-se, além de famoso era prata da casa.
O curioso é que nem uma linha foi publicada a respeito deste acontecimento, e sequer o próprio Hermano, disse ou tornou pública a questão. Por incrível que possa parecer, em uma manhã, em um café na residência do Dr. Roberto Marinho, ele próprio me fez saber da história, da qual só ficou sabendo passados os imbróglios. E tais contrassensos não mais ocorreram enquanto viveu.
Hoje, morto Dr. Roberto, sua herança, seguidamente, tem feito veicular coisas incríveis para atender desejos, ambições e talvez até algumas irresponsáveis utopias de quem nada preocupa com responsabilidades informativas perante a sociedade de nosso País.
Já é tempo de se perguntar, afinal de contas, o que quer esta rede de informação? Porque ao que parece, insistindo tanto em combates ditos de “proteções ambientais,” ela tenha descoberto minas de ouro, bem mais valiosas que as providas por Deus e geologicamente presentes no País. Não permite sequer rasgos de dúvidas, em segundos contados, destroem vidas inteiras, ignorando todo um arranjo humano, permutado por arrecadações amealhadas em doações bilionárias.
Só pode... é todo dia... e todo dia, jamais buscando comprovações de verdades imprestáveis, que sem nenhum conhecimento informam. Nunca buscam os porquês e suas razões...
Nas telas, sempre Amazônia, sempre mineradores, garimpeiros e ouro. É mesmo de se perguntar tal qual bom mineiro, “prumodiquê” isso? Sei não, mas tenho a impressão de que se tirar o ouro daí, ela e mais ninguém, nada mais diriam.
Tais repórteres, sem nada de verdadeiros jornalistas, que custam mais caro, jamais procuram um mínimo de aculturamento do assunto ou mesmo sobre a matéria que vão noticiar. (Saudade de Marilias Gabrielas). Vão mesmo no “me disseram, ou foi isso que me mandaram mostrar e dizer”.
Nesta semana que passou, o noticiário nacional do herdeiro do Dr. Roberto Marinho apresentou matéria bem negativa de garimpeiros outra vez, cuja maior importância deles, penso eu seja incomodar tal imprensa, fora disso trabalham anonimamente tal qual, humildes gigantes das selvas.
Disseram mesmo que espiantados de Roraima estariam seguindo bordeando fronteiras desde a Guiana até o Amapá, mais precisamente a um garimpo de nome Lourenço. Mais feliz e útil ao país, seria, incluindo a Venezuela, pesquisar junto as Guianas, todas elas, quantos destes homens eles abrigam com licenças e registros governamentais bem válidos e aceitos oficialmente; pois todos tem sorrateiramente levado toda nossa especial mão de obra, sem nenhum cuidado ou observação de nossas autoridades. Aliás, estes bem pagos eleitos a governo, sequer se preocupam com a população ao tempo nas ruas; também, esperar que se preocupem com quem dá “um mau exemplo” nacionalmente, cumprindo o dever do trabalho, é exagero.
O absurdo do informativo diário foi tão grande e desonroso que nenhum respeito teve por nossa história e formadores de nosso País; leviandade de mãos dadas a ignorâncias...
Se honestos e mínima cultura tivessem saberiam que a citada região e seus garimpeiros tiveram mesmo importância ou mais que isso, na retirada de todo aquele rincão das mãos dos francesas com o Amapá se tornando brasileiro de corpo e alma.
A conquista do território não foi feita pelo ouro, mas pelos homens que trabalhavam no fim do mundo, ainda heroicamente chamados de garimpeiros. E para que saibam, tais eventos no citado Lourenço, tiveram início em 1893 quando da descoberta, por homens que descendentes deixaram. Hoje “pequenos focas” desdenham e desonram.
E para melhor iluminar a escuridão do necessário conhecimento, importante que saibam, mesmo o também citado Tumucumaque, o mais antigo dos parques de 1967, preservacionista também a indígenas, os Tiriós, que hoje definham, no crepúsculo da existência e tal qual ou em piores condições que os yanomami, estes, criadores que são de fortunas aos abelhudos externos, teve sua área maldosamente aumentada, a deslavado pedido de organizações estrangeiras exatamente sobrepondo partes do jazimento mineral, pelo presidente de então, em princípios da década dos noventa.
Como se não bastasse tais impropriedades, em Brasília, nas páginas de um dos seus melhores jornais, pouco estudioso, mas exibido professor, “barnabé” da universidade federal da capital, publica artigo sem nenhum compromisso com a ciência, ilógico a um dito professor, falando de poluições mercuriais, ouro e jóias de ouro.
Será mesmo que este des-honoris causa, sabe o que o que seja uma análise isotrópica/espectrográfica, para saber com a necessária segurança qual o tipo do mercúrio contaminante da Amazônia e da ministra do meio-ambiente? Quanto a esta ministra, para retirada de dúvidas e verdades esclarecedoras, tão bastante seria pequena porção de seu nobre sangue para responsável exame, e teríamos toda uma verdade, findando sofrimento dela e dos inocentes homens das selvas.
Quanto as citações deste catedrático em relação ao ouro, que para joias sua extração não vale a pena, posso desculpá-lo, tem gente inteligente que não o sabe, por que teria ele obrigação em sabê-lo?
O OURO, há milênios, é um ativo financeiro de valor com aceitação planetária, como moeda e servindo a parâmetro financeiro entre nações. Seu uso menor e até insignificante é exatamente para joias. No presente, com Estados em guerras, seu valor é recordista na economia mundial.
Rússia, com 600 toneladas, China ultrapassando 1.000 (contrato com Arábia Saudita para pagamento de petróleo em Yens resgatáveis com ouro), Estados Unidos, com seu Fort Knox, em número desconhecido para maior... a própria Venezuela com 160 t, de garimpeiros brasileiros; já o Brasil, formador de filas de ossos e de fracos docentes, possui não mais que parcas 60 toneladas.
Há dias, pelas páginas destes jornais, manifestei saudade da dignidade em meios de comunicação, agora mais ainda, do caráter daqueles homens que não existem mais.
O erro na informação, quando não estúpida é boçal, mas, existindo má fé; aí...
BH/Macapá, 03/03/2024
*José Altino Machado
NOTA: Ao professô, o mogno e tantos de sua família, como cedro, vinhático e outros, madeiras de baixo ciclo de vida, são riquezas se não exploradas, se perdem, apodrecendo e caindo...
Seja o primeiro a comentar!
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo
Nome
|
E-mail
|
Localização
|
|
Comentário
|
|