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O combate à desinformação e às fake news é fundamental para a construção de campanhas eleitorais de qualidade.

O combate à desinformação e às fake news é fundamental para a construção de campanhas eleitorais de qualidade.

É preciso estimular o pensamento crítico entre os eleitores, para que possam discernir a verdade dos boatos e não se deixar manipular por notícias falsas que visam prejudicar o debate democrático.

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31-07-2023 - 08h:15

Stephane Bragança*

Quando o processo eleitoral é conduzido por campanhas deficientes, marcadas por estratégias amadoras e desprovidas de conteúdo substancial, os candidatos eleitos podem não representar de forma adequada os interesses e anseios da sociedade. Isso pode levar a um desequilíbrio na representatividade, gerando insatisfação, falta de confiança nas instituições políticas e até mesmo estagnação no desenvolvimento do país.

A democracia representativa é fundamentada na escolha de candidatos capazes de compreender e solucionar os problemas sociais, bem como de conduzir políticas públicas eficazes. No entanto, quando as campanhas eleitorais se transformam em espetáculos vazios, dominados por apelos emocionais e promessas vazias, o resultado é a eleição de representantes pouco preparados e comprometidos com os reais desafios da nação.

Uma das consequências mais alarmantes desse cenário é o desvio do debate político das questões essenciais que afetam a vida dos cidadãos. Em vez de discutir temas cruciais como saúde, educação, emprego, segurança, infraestrutura e desenvolvimento econômico, a política pode se tornar uma mera disputa de popularidade, distanciando-se das verdadeiras demandas da população. A disseminação de fake news, desinformação e a polarização política são sintomas claros de uma política desfocada dos interesses coletivos.

A crise de representatividade é outra consequência direta das campanhas eleitorais de baixa qualidade. A taxa de abstenção nas eleições é um indicador preocupante desse problema. Quando muitos eleitores se abstêm de votar, demonstram uma descrença no sistema político e uma sensação de desamparo, como se seus votos não fizessem diferença ou não fossem devidamente representados. A alta abstenção é um sinal claro de que as campanhas não estão conseguindo engajar e mobilizar os cidadãos em prol da participação ativa na democracia.

As campanhas eleitorais são a interface da própria democracia

É por meio delas que os cidadãos têm a oportunidade de conhecer e avaliar as propostas dos candidatos para tomar decisões informadas nas urnas. Na prática, a democracia não é uma abstração distante, mas sim um sistema que se materializa no contato direto entre eleitores e candidatos durante as campanhas.

O gráfico abaixo apresenta, de forma resumida, a maneira como o poder político se desdobra até chegar aos cidadãos, e é evidente que essa conexão direta acontece por meio das campanhas eleitorais. O processo eleitoral possibilita a participação ativa dos cidadãos no poder político, ao mesmo tempo que recebe de volta, pelo Estado (formado pelos representantes), as leis e políticas públicas que regerão suas vidas.

Nesse contexto, a educação para a cidadania desempenha um papel fundamental. A ausência de conscientização sobre o papel do cidadão na democracia e seus direitos e deveres como eleitor contribui para a crise de representatividade e o enfraquecimento do sistema político como um todo. Investir em educação cívica é uma estratégia essencial para empoderar os cidadãos e fortalecer a democracia, tornando-os agentes ativos na construção de um país mais justo e igualitário.

Construir campanhas eleitorais de qualidade significa desenvolver estratégias que vão além dos apelos emocionais e do marketing superficial

É necessário estabelecer uma conexão real com os eleitores, baseada na transparência, no comprometimento e na responsabilidade. Os candidatos devem apresentar propostas sólidas, embasadas em evidências e viáveis para solucionar os desafios enfrentados pelos seus eleitores e pela sociedade como um todo.

O combate à desinformação e às fake news também é fundamental para a construção de campanhas eleitorais de qualidade. É preciso promover uma cultura de verificação de informações e estimular o pensamento crítico entre os eleitores, para que eles possam discernir a verdade dos boatos e não se deixem manipular por notícias falsas que visam prejudicar o debate democrático.

Além disso, é papel dos profissionais da política e da comunicação buscar abordagens éticas e responsáveis na condução das campanhas eleitorais. A política não deve ser um espetáculo midiático vazio, mas sim um espaço para o diálogo e a construção de soluções coletivas para os desafios da sociedade.

A transformação desse cenário passa pela conscientização de todos os atores envolvidos no processo eleitoral. Os cidadãos devem reconhecer o poder do seu voto e a importância de participar ativamente da política para que ela seja uma ferramenta efetiva de mudança e progresso. A sociedade como um todo precisa valorizar a relevância das campanhas eleitorais, cobrando dos candidatos propostas concretas e éticas, e fiscalizando a atuação dos candidatos e representantes eleitos.

Construir campanhas eleitorais de qualidade não é apenas um desejo, mas uma necessidade para a preservação e melhoria da democracia

Ao eleger candidatos comprometidos com o interesse público, o poder político e o Estado podem atuar de forma harmônica para solucionar os problemas sociais e promover a justiça social. Isso significa desenvolver políticas públicas eficientes que proporcionem educação, saúde, moradia, renda… Enfim: dignidade para todos os cidadãos.

Em resumo, é imprescindível valorizar e fortalecer as campanhas eleitorais como um instrumento essencial para a preservação e melhoria da democracia. A conscientização dos eleitores, a busca por informações confiáveis e o engajamento cívico são fundamentais para a construção de um sistema político mais transparente, responsável e representativo. Ao promover campanhas de qualidade, baseadas em propostas sólidas e na qualificação dos candidatos, poderemos avançar na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e verdadeiramente democrática. Eu acredito que futuro da nossa nação está em nossas mãos, e cabe a cada um de nós fazer a diferença.

*Stephane Bragança é Cientista do Estado & Consultora para políticos eleitos, candidatos em campanhas eleitorais, partidos políticos e profissionais do mercado político

Imagem da Galeria O objetivo de todas as discussões políticas acabam com a eleição, depende só das urnas
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