
Banco Mundial e FMI precisam ser refundados? - créditos: divulgação
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02-05-2025 às 09h00
Nilso Raffain (*)
Como uma parte vital do Sistema das Nações Unidas, os EUA convocam seus sócios para a refundação do Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional com o fim de reconduzir as duas instituições à missão original — estabelecida na cidade de Bretton Woods-EUA — para assim, garantir estabilidade monetária e a reconstrução econômica a exemplo do período após a Segunda Grande Guerra Mundial. Agora mirando os desequilíbrios causados pela ascensão da China e a guerra comercial que através do próprio EUA redefiniu em um curtíssimo prazo o comércio mundial.
Em discurso recente, o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos propôs um “reset” institucional no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (BIRD), sugerindo que ambas as entidades sejam reconduzidas à sua missão original de reconstrução econômica global. Criadas em 1944, essas instituições fariam agora parte de um novo esforço de reorganização da economia mundial, segundo Washington, após o impacto devastador da mais intensa guerra comercial de nossa era moderna.
O alvo central da proposta americana é a China, acusada de alimentar desequilíbrios estruturais no comércio global. O modelo chinês, ao reforçar excessivamente sua capacidade de produção e exportação em detrimento da demanda interna, estaria gerando um excesso de manufaturados no mercado global. Essa dinâmica, na visão dos EUA, compromete não apenas o crescimento saudável da China, mas também a estabilidade das economias interligadas ao seu entorno comercial.
Como resposta, os Estados Unidos querem reposicionar o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial como instrumentos de pressão e reequilíbrio global, promovendo políticas que incentivem o consumo interno de nossos países, o equilíbrio cambial e o comércio justo. Trata-se de uma tentativa de reconstrução da cooperação financeira internacional, agora voltada a mitigar os efeitos da rivalidade entre as duas maiores economias do planeta incluindo a União Européia e restaurar uma arquitetura econômica que sirva de base a um novo pacto global.
Seja como for, a fala do Secretário marca uma guinada clara na postura americana: uma tentativa de retomar o controle da governança global em meio a uma nova competição de sistemas. Assim como em 1944, o mundo parece novamente à beira de uma redefinição estrutural — mas, desta vez, sem a certeza de que todos estarão sentados à mesma mesa.
(Nilso Raffagnin, é Empresário Arquiteto e Urbanista em Foz do Iguaçu-PR – Diretor do CENSU: Centro de Estudos e Negócios Estratégicos do Mercosul, em formação).