
Ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. CRÉDITOS: Reprodução
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28-04-2025 às 10h16
Direto da Redação*
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, saiu em defesa dos funcionários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) após denúncias de aumento de descontos associativos não autorizados em aposentadorias, reveladas por uma operação da Polícia Federal. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada no domingo (27.abr.2025),
Lupi afirmou que é preciso distinguir casos isolados de corrupção do trabalho sério da maioria dos servidores.
A investigação apura o desvio de mais de R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024 e levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Lupi destacou a proporção entre os investigados: “Dos nomes que tive conhecimento da investigação da PF, deve ter uns 190 das associações e uns 10 ou 15 do INSS. Essa é a proporção. Vai ter gente safada dentro das instituições, claro. Mas a gente não pode misturar. Também tem gente séria, que quer servir, que está sendo injustiçada.”
Durante a entrevista, o ministro admitiu que já tinha ciência das denúncias, mas justificou a demora nas ações afirmando que processos dentro do governo são mais lentos do que na iniciativa privada. “Eu sabia o que estava acontecendo, das denúncias. Eu sabia que estava havendo um aumento muito grande [dos descontos] e que precisava fazer uma instrução normativa para acabar com isso. Comecei a me irritar pela demora. Só que o tempo no governo não é o tempo de uma empresa privada”, explicou.
Lupi negou ter sido omisso, reforçando que, diante das evidências, solicitou um relatório e demitiu o diretor responsável. “Se sou omisso, por que pedi o relatório e demiti o diretor? Quem é omisso não demite ninguém. Esse desconto associativo existe há muitos anos e sempre teve muita denúncia na Ouvidoria”, argumentou.
A publicação destacou que Tônia Galleti, conselheira do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), alertou Lupi sobre o aumento dos descontos ainda em junho de 2023, mas o tema só entrou oficialmente na pauta em abril de 2024. O ministro respondeu que, após o alerta, solicitou uma apuração a Stefanutto e ao então diretor de Benefícios, André Fidelis. Como o relatório demorou a ser apresentado, Fidelis foi substituído por Vanderlei Barbosa, que, três meses depois, entregou o documento.
Segundo Lupi, a demora não foi falta de ação, mas sim a necessidade de embasamento concreto para medidas efetivas. O ministro também ressaltou que, após a aprovação da nova Instrução Normativa (IN), mais de 2,4 milhões de autorizações de descontos foram canceladas por irregularidades.
Além disso, ele mencionou que dez associações concentravam 65% dos descontos e que essas entidades realizaram investimentos pesados para ampliar sua base de filiados.
INVESTIGAÇÃO
A Polícia Federal deflagrou, na quarta-feira (23.abr), a operação Sem Desconto, com o objetivo de investigar fraudes no INSS, estimando um prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Durante a ação, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, 6 mandados de prisão temporária, além de ordens para o sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão. A operação ocorreu em 13 estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará, e no Distrito Federal. O governo federal informou que 6 pessoas foram afastadas de suas funções por determinação da Justiça Federal. A CGU (Controladoria Geral da União) também participou das investigações.